sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Cinquenta anos sem o lateral-esquerdo Everaldo

O lateral-esquerdo do tricampeonato mundial do Brasil, na Copa do Mundo do México de 1970, foi o gaúcho Everaldo, que quatro anos depois pendurou as chuteiras, ambicionando uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Como havia se engajado pra valer na campanha política, com até dois comícios por dia, na volta para casa, no dia 27 de setembro daquele ano, dirigindo o seu automóvel Dodge Dart, um acidente tirou a vida dele, da esposa Célia e filha.

À época, o carro dele colidiu com uma jamanta e ficou quase irreconhecível. Assim, ficou uma história de persistência e vitoriosa a partir do momento em que foi revelado pelo Grêmio, e se firmou como titular após ter sido emprestado ao Juventude, em 1965. Ele foi um lateral-esquerdo sem técnica, mas seguro na marcação. E mesmo raramente passando do meio de campo ganhou a posição do veloz e ofensivo Marco Antonio às vésperas daquela competição mundial, até que dois anos depois, no Mundialito realizado no Brasil, sequer fosse convocado, o único tricampeão esquecido pelo saudoso Zagallo.

Aquela decisão provocou revolta dos gaúchos, pois o Rio Grande do Sul tinha histórico de furar o bloqueio do eixo Rio-São Paulo em convocações de jogadores às Copas. Em 1950, na competição disputada no Brasil, Nena, do Grêmio, e Adãozinho, do Internacional, foram vice-campeões mundiais. E na decadente Seleção Brasileira de 1966, na Copa da Inglaterra, lá estava o atacante Alcindo Bugre, do Grêmio. E em Mundiais subseqüentes, o Estado quase sempre esteve representado por atletas, os principais deles o goleiro Taffarel e o volante Falcão.

Taffarel atravessou fase espetacular no Mundial dos Estados Unidos de 1994, quando foi decisivo em defesas de pênaltis. Já o volante Falcão, das Copas da Espanha de 1982 e do México em 1986, sabia defender e organizar o time com elegância.

Não fosse a tragédia há 50 anos, Everaldo teria completado 80 anos de idade no dia 11 de setembro passado e, de certo, recordaria as 30 partidas disputadas na Seleção Brasileira, a recepção calorosa no desembarque em Porto Alegre após a conquista do tri e a besteira cometida num jogo contra o Cruzeiro em 1972, no Estádio Olímpico, quando deu um soco no árbitro paulista José Faville Neto. Sorte que a suspensão de um ano foi reduzida para seis meses.



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