segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Gols de goleiros

Por Ariovaldo Izac

Ninguém se espanta quando depara com gols marcados por goleiros, até porque o são-paulino Rogério Ceni já atingiu a marca de 82 gols, entre cobranças de faltas de pênaltis, e ousou aplicar um chapéu no atacante Tuta, então jogador do Palmeiras, pelas oitavas-de-final da Copa João Havelange, em 29 e novembro de 2000. De vez em quando esses “guarda-valas”, como diziam antigos narradores de futebol, surpreendem ao marcar gols a mais de 90m de distância, na tradicional reposição de bola de sua grande área. E o último exemplo foi registrado com o goleiro Eduardo Martini no dia 22 de agosto, na vitória do Avaí (SC) sobre o Paraná Clube, por 3 a 1, em Florianópolis. Claro que ele jamais esperava que com o chutão a bola quicasse nas proximidades da área adversária e encobrisse o goleiro Mauro, adiantado. Foi o segundo gol do time catarinense na partida.
Difícil dizer com exatidão, mas provavelmente a história de gols com essa característica começou em Bauru, interior de São Paulo, em julho de 1961. Na ocasião, o goleiro Navarro, do Noroeste, surpreendeu Henrique, do Taubaté (SP), em partida válida pelo Campeonato Paulista.
Propagação com maior intensidade de gols nesse estilo começou em setembro de 1970, com Ubirajara Alcântara, do Flamengo, em jogo contra o Madureira, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Naquele lance, o vento se encarregou de triplicar a velocidade da bola, que traiu o goleiro Paulo Roberto.
Zico, goleiro do Cascavel em 1981, marcou contra o Colorado - hoje o Paraná Clube - pelo campeonato regional, igualmente em reposição de bola com os pés. Mesma recordação tem o colombiano Luis Martinez em partida amistosa contra a Polônia, em Chorzow, surpreendendo o goleiro Tomasz Kuszckak, em maio de 2006.
Goleiros também marcam gols de cabeça, quando se mandam à área adversária nos últimos minutos de partidas, para aproveitamento em cobranças de escanteio. Há dois registros só no Campeonato Brasileiro de 2003: o primeiro através de Eduardo, do Atlético (MG), ao marcar na vitória por 2 a 1 sobre o Juventude; e o outro de Lauro, na ocasião defendendo a Ponte Preta, no empate em 1 a 1 com o Flamengo, em Campinas.
Em 1996, o goleiro Hiran levou a torcida do Guarani ao delírio ao testar e marcar o gol de empate em 3 a 3 contra o Palmeiras, no último minuto de partida. Ele já havia marcado de cabeça quando defendia o Linhares (ES), em início de carreira; e fez o terceiro gol pelo Inter (RS), em cobrança de falta, em 2000. Já o dinamarquês Krogh usou a cabeça para marcar com a camisa do Brondby contra o AGF Aarhur, nos descontos.
Bruno, do Flamengo, marcou o primeiro gol na carreira profissional contra o Coronel Bolognesi, do Peru, cobrando falta, na vitória por 2 a 0, na última Libertadores da América. Outros exemplos são Thiago, do Vasco, e Márcio, do Atlético (GO). Também em cobrança de falta o goleiro Hugo Suárez, do Real Potosí, da Bolívia, marcou na vitória sobre o Caracas por 3 a 1, também pela Libertadores.
Exemplo estão aí aos montes de goleiros artilheiros na América do Sul e Europa. A experiência do colombiano René Higuita foi tão gratificante que após ter abandonado o futebol decidiu retornar, com histórico superior a 40 gols. O paraguaio José Luis Chilavert estava beirando 50 gols quando anunciou a intenção de se afastar do futebol.

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