segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Zequinha, um bicampeão

Por Ariovaldo Izac


Antigamente, mais precisamente nas décadas de 50 e 60, treinadores de Seleção Brasileira tinham que pautar pelo equilíbrio entre Rio de São Paulo para convocação de jogadores. Imprensas de ambos os Estados pecavam pelo bairrismo reprovável e por isso via-se, com freqüência, chamados inesperados de jogadores para integrar o selecionado.
O ex-técnico Carlinhos - jogador do Flamengo nas décadas naquele período - não esconde a mágoa de ter sido relegado para a Copa do Mundo de 1962, no Chile, quando o Brasil conquistou o bicampeonato. Definição política ou não, o certo é que Zequinha, então volante do Palmeiras, também tinha as credenciais para estar entre os 22 jogadores relacionados, como reserva de Zito, ex-Santos, quando comemorou o bicampeonato mundial.
A rigor, segundo o livro "Seleção Brasileira - 90 anos", de Roberto Assaf e Antonio Napoleão, Zequinha participou de 17 partidas pelo selecionado brasileiro, com retrospecto de 14 vitórias, um empate, duas derrotas, e marcou dois gols
Naqueles tempos, seria exagero cobrar do chamado médio volante postura de marcador implacável. Quando muito cercava as jogadas organizadas pelos meio-campistas adversários e deslocavam para os lados do campo para cobrir laterais. Eles executavam o papel de distribuidores de jogadas. Acionavam os laterais e se apresentavam como opções para continuidade das jogadas.
Essa era, basicamente, a função do pernambucano José Ferreira Franco, do Palmeiras, apelidado por Zequinha devido ao tamanho – 1,66m de altura. No entanto, ele se diferenciava da maioria na posição pela excelente preparação física. Como corria demais, atrevia-se, com freqüência às “descidas” ao ataque e finalizava ao gol adversário de média distância, com chute forte.
Zequinha nasceu no dia 18 de novembro de 1934, em Recife (PE), e jogou no Palmeiras entre 1958 e 1968. Começou a carreira no extinto Auto-Esporte de Recife, na década de 50, depois passou pelo Santa Cruz antes da transferência para a capital paulista. Já nos anos 60, com a chegada de Dudu, ex-Ferroviária de Araraquara (SP) ao Parque Antártica, o pernambucano foi para a reserva e, ao sair do Verdão, ainda jogou respectivamente no Atlético (PR) e Náutico.
Ao pendurar as chuteiras, fixou-se em Recife, garantiu a aposentadoria, e ainda melhorou a renda com a aquisição de uma casa lotérica em Olinda (PE), administrada por pessoas de confiança, pois seqüelas de um derrame limitaram suas atividades.
Saudosista, como a maioria dos ex-boleiros, Zequinha lembra que no seu tempo o futebol era mais bonito. “Hoje é a força física que importa e o jogo fica feio”, revela esse nordestino com histórico de 417 jogos pelo Verdão, com retrospecto de 247 vitórias, 83 empates e 87 derrotas. Foram 40 gols e o orgulho de colecionar títulos do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão), Taça Brasil, Torneio Rio-São Paulo e Campeonato Paulista de 1959, 1963 e 1966, segundo informações citadas no "Almanaque do Palmeiras".
Sem dúvida que o título paulista de 1959 pelo Palmeiras foi especial, em seu segundo ano de clube. Na ocasião, atuou num time formado por Valdir de Moraes; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Nardo, Américo e Romeiro.

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