sábado, 9 de agosto de 2008

Vitória enganosa das mulheres do futebol

Por Ariovaldo Izac (09/08)

A vitória da seleção brasileira de futebol feminino do Brasil sobre a Coréia do Norte, na manhã deste sábado - 09/08 - (horário de Brasília), nos Jogos Olímpicos da China, foi extremamente enganosa, imerecida. Na pior das hipóteses, o time norte-coreano devia ter empatado. O Brasil achou dois gols, frutos de falhas defensivas das norte-coreanas, ainda no primeiro tempo.

Esse jogo demonstrou claramente as limitações do técnico Jorge Barcellos, que comanda a equipe brasileira. Viu se, ao longo da partida, um esquema tático arcaico, com as quatro jogadoras de defesa jogando basicamente em linha e excessivamente recuadas, pouco adiante do limite da grande área. Isso fez lembrar estruturações defensivas das décadas de 50 e 60, quando raramente os laterais ultrapassavam a linha que divide o gramado. Sem função, as laterais ficavam marcando basicamente as suas sombras, porque as norte-coreanas não adotaram um esquema ofensivo. Por vezes usavam o lado do campo para puxar contra-ataques em velocidade.

Não bastassem as deficiências das jogadas pelas beiradas do gramado, o meio-campo brasileiro foi mal posicionado e envolvido na maioria das vezes pelas adversárias. Também na criatividade e distribuição de jogadas, facilitando, conseqüentemente, a marcação dura das norte-coreanas.

O time brasileiro valeu-se de alguns lampejos da talentosa Marta, que mesmo bem marcada ainda conseguiu criar algumas situações de perigo à defesa adversária. Afora isso, deve-se destacar o bom trabalho do miolo de zaga brasileiro e também da volante Érika. A meia Formiga, irritada, fez faltas violentas e ficou barato não ter sido expulsa de campo.

Esse time brasileiro pode até ir longe na competição, mas ficou claro que taticamente o técnico Jorge Barcellos não está à altura de comandá-lo. A conseqüência de montar um quarteto defensivo muito recuado refletiu na ampliação de espaços para o adversário, que teve mais posse de bola nos dois períodos. Caso o Brasil tivesse enfrentado, neste sábado, um adversário de melhor qualidade técnica, a sorte do jogo poderia ter sido outra. Ainda bem que as norte-coreanas se valeram basicamente da correria e boa disciplina tática.

Bons tempos em que o time brasileiro era comandado pelo técnico Zé Duarte (já falecido), que além de ensinar o bê-á-bá às meninas ainda sabia distribui-las adequadamente em campo.

Pena que a dona CBF ainda não aprendeu a lição sobre a necessidade de escolher um profissional com bagagem no futebol profissional masculino para comandar o time de mulheres. Do contrário, deficiências de planejamento tático serão repetidas.

Ariovaldo Izac é jornalista e radialista e escreve no Blog do Ari

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