sábado, 2 de agosto de 2008

Vagner Bacharel, morte aos 36 anos

Torcedor de treino é detalhista, pra não dizer xereta. Um deles sussurrou maldosamente para um amigo, há mais de duas décadas, nos tempos do zagueiro Vágner Bacharel (já falecido) no Palmeiras:
“Dê uma olhada nas pernas arqueadas do Vágner. Se ficasse na barreira de futsal a bolinha passaria no “vão” delas e seria gol do adversário”.
As pernas arqueadas em nada atrapalhavam o rendimento do jogador de pouco mais de 1,80m de altura nas passagens por Madureira (RJ), Joinville (SC), Inter (RS), Palmeiras, Botafogo (RJ), Guarani, Fluminense, Vila Nova (GO) e Paraná, onde morreu no dia 20 de abril de 1990.
Por sinal, morte estúpida teve esse carioca Vágner de Araújo Antunes, aos 36 anos de idade. Na disputa de bola pelo alto com Sérgio Ponvoni, do Campo Mourão (PR), ele bateu com a coluna cervical no chão e, desacordado, foi levado a um hospital paranaense para atendimento.
Aparentemente nada de mais grave, tanto que recebeu alta hospitalar e voltou para casa, a fim de continuar o tratamento. Só que as dores de cabeça foram intensificando e, levado novamente ao hospital, não resistiu e morreu.
Bacharel é mais um daqueles casos de jogadores mortos que raramente são lembrados, exceto em casos de estatística de falecimentos de atletas no exercício da profissão. Sua aparição na bola foi no Madureira do Rio de Janeiro e depois se deslanchou em grandes clubes, com ênfase na passagem pelo Palmeiras, quando formou dupla de zaga com Luiz Pereira. Ambos jogavam de cabeça erguida, tinham um bom passe, jamais se apavoravam na saída de bola e mostravam espírito de liderança.
Claro que Luizão era mais clássico, desarmava muito mais sem recorrer às faltas e tinha velocidade para arrancar ao ataque com bola dominada, nos tempos que cobrava-se de zagueiros apenas eficiência na marcação. Luizão era diferente até na Seleção Brasileira, considerado um dos melhores da posição na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Bacharel ficou no Palmeiras de 1983 a 87, com histórico de 22 gols em 260 jogos. Tinha o hábito de avançar à área adversária em lances de bola parada, nos escanteios e cobranças de falta. Em seguida se transferiu para o Botafogo do Rio.
Embora a sua principal virtude fosse o jogo aéreo, esse bigodudo tinha malícia para evitar dribles manjados, e pecava basicamente pela lentidão. Quando enfrentava atacantes rápidos passava apertado.
O zagueiro era sarrista e bem humorado. No ônibus que conduzia delegações da concentração ao campo puxava o samba com o inseparável pandeiro e contagiava o ambiente. A rigor, o apelido Bacharel justificava-se pelo fato de chamar companheiros, indistintamente, também de Bacharel. Era uma liderança positiva que ajudava na preservação do bom ambiente do grupo. Sabia discernir bem a hora da cervejinha com os amigos, principalmente após jogos, do trabalho árduo do dia-a-dia.
O futebol paranaense já havia sido enlutado no dia 18 de setembro de 1978 com a morte de Valtencir, aos 32 anos de idade, então jogador do Colorado, clube que posteriormente se fundiu com o Pinheiros para a criação do Paraná. O lateral-esquerdo sofreu lesão na coluna cervical e no cérebro após choque com o jogador Nivaldo, do Maringá, e morreu no local, no Estádio Willie Davis, em Maringá.

2 comentários:

Anônimo disse...

n foi sergio ponvoni e sim césar ponzoni!

Renata Antunes disse...

Muito boa redação , de fato Bacharel era isso e mais um um pouco !! um ser humano , pai e marido exemplar . Parabéns pela reportagem . E muito bom recordar Vagner Bacharel !!