sábado, 2 de agosto de 2008

Fontana, morte aos 39 anos

De certo o capixaba Fontana morreu fazendo aquilo que mais gostava na vida, em 1980: jogando futebol. Ele participava de uma “pelada” com amigos quando o “velho bumbo”, o coração, falhou. Fontana foi vítima de um ataque cardíaco fulminante e não resistiu, a exemplo do zagueiro Serginho (São Caetano), lateral Carlos Alberto (Sport), meia húngaro Miklos Feher (Benfica) e o camaronês Marc-Vivien Foe.
José de Anchieta Fontana, nascido no dia 31 de dezembro de 1940, chegou ao Vasco em 1962, após passagens por clubes de seu Estado. E após o natural período de adaptação, teve a incumbência de substituir o lendário Orlando Peçanha, um quarto-zagueiro clássico, revelado nas divisões de base do clube. O forte de Orlando era a antecipação. E, de posse de bola, usava sua habilidade para sair jogando.
Fontana tinha características opostas. Venceu pela raça. Era o chamado marcador implacável, um dos raros a anular Pelé em várias vezes quando se enfrentaram. Difícil para o torcedor vascaíno da velha guarda é esquecer o título da Taça Guanabara conquistado por seu clube em 1967, num time liderado pelo guerreiro Fontana. O Vasco perdia para o Botafogo por 2 a 0, no primeiro tempo, mas achou forças inimagináveis para virar o placar, com o gol da vitória, de cabeça, marcado pelo zagueiro. Fontana e Brito formaram uma dupla de zaga que caiu no gosto da galera.
Às vezes Fontana apelava para a violência e cometia atos de indisciplina. Em um jogo contra o Grêmio (RS) acertou cotovelada na boca do ponteiro-direito Joãozinho, quebrando-lhe alguns dentes. O comportamento inadequado que implicou em seu desligamento do Vasco foi ter se recusado de participar de um jogo contra o Inter (RS), em 1969, alegando contusão minutos antes de entrar em campo.
A rigor, o relacionamento do jogador com o técnico Paulinho de Almeida estava estremecido desde o jogo adiado contra o Bahia, por causa das chuvas, em Salvador. O treinador havia dado folga ao elenco até às 23h e, madrugada afora, flagrou Fontana, Moacir e Eberval pedindo a última dose de uísque no bar do hotel onde a delegação estava concentrada.
Moacir e Ederbal reconheceram o erro e foram perdoados; o “marrudo” Fontana não. E esse comportamento serviu para encurtar sua permanência no clube cruzmaltino, e seu passe foi negociado com o Cruzeiro.
Naquele período, Fontana estava no auge na carreira e foi levado pelo treinador João Saldanha (falecido) à Seleção Brasileira. Posteriormente, já com Zagallo no comando técnico do selecionado, Fontana foi relacionado entre os 22 jogadores para a Copa do Mundo de 1970, no México, e comemorou o tricampeonato. Ele também acompanhou de perto a introdução dos cartões vermelhos e amarelos no futebol, além da permissão para substituições de jogadores em partidas, naquela competição.
No Cruzeiro, com a costumeira regularidade, jogou até 1972. Participou do grande time com Dirceu Lopes, Tostão, Natal e Evaldo. E a recompensa foi cravar seu nome na galeria dos ídolos do clube, ao transportar para a Toca da Raposa a raça que o caracterizou nos tempos de Vasco.
Fontana foi um exemplo de superação no futebol, seguido por incontáveis zagueiros que também obtiveram êxito na carreira.

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