sábado, 4 de abril de 2020

Perivaldo, história de um ídolo que perdeu tudo


Décadas passadas jogador de futebol trilhava carreira sem assessoria de empresários. Fazia aquilo que dava na telha. Curtia bebedeiras, mulherada, e torrava o dinheiro sem dó. Inserido neste contexto estava o baiano Perivaldo Lúcio Dantas, lateral-direito que chegou à Seleção Brasileira em 1981, e na disputa direta por vaga à Copa do Mundo de 1982 foi cotado até no dia convocação, ao ser preterido por Edevaldo, jogador da posição do Inter (RS), visto que o titular absoluto era Leandro, do Flamengo.
Boa cotação do Peri da Pituba deu-se pela regularidade no Botafogo (RJ) nos cinco antes que precederam a transferência ao Palmeiras em 1983. À época, aquelas passadas largas permitiam que chegasse com facilidade ao fundo de campo quer para cruzamentos, quer para se infiltrar por dentro e finalizar com aceitável pontaria. Assim, ora fazia gols, ora dava assistências.
Como a fascinante carreira de atleta um dia acaba, Perivaldo não se deu conta disso. Continuou a vida de gastança, mesmo sabendo que não se enquadraria em outras funções no futebol. Foi atrás de oportunidade em Portugal, porém sem sucesso. Acabou, sim, flagrado pelo programa 'Fantástico', da Rede Globo, em 2013, vendendo roupas usadas na feira da ladra de Lisboa. Na ocasião, seu testemunho serve de alerta a boleiro descabeçado.
- Erro foi meu. Vim pra cá e fiz tudo errado. Foi a 'morte' do artista. Gastei tudo. Emprestei dinheiro a amigo para compra de ações, e ele desapareceu com o dinheiro. Não uso droga, mas tomo uma bebidazinha.
O diminutivo colocado por Perivaldo foi apenas força de expressão. Na prática enchia a cara de cachaça e tocava a vida em quarto alugado, já sem contato com familiares. Aí o Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio de Janeiro providenciou o regresso ao Brasil.
Cabelo estilo Bob Marley, ele morreu no dia 27 de julho de 2017, vitimado por pneumonia, aos 64 anos de idade. E deixou histórico a não ser seguido por quem milita na profissão. Devem se mirar apenas nos tempos de ídolo do Botafogo, em time formado por Paulo Sérgio; Perivaldo, Gaúcho, Gaúcho Lima e Jorge Luís; Rocha, Ademir Lobo e Mendonça; Ziza, Mirandinha e Jerson. Ou então no Palmeiras de João Marcos; Perivaldo, Luiz Pereira, Wagner Bacharel e Carlão; Rocha, Márcio, Carlos Alberto Borges e Jorginho Putinatti; Baltazar II e Capitão.

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