sexta-feira, 10 de abril de 2020

Clebão, atacante que achou a sua posição na zaga


Quando chegou ao Palmeiras em 1993, o zagueiro mineiro Cléber Américo da Conceição foi identificado apenas pelo prenome. Logo, aquela caixa torácica avantajada, que impunha respeito a atacantes adversários nas divididas, foi suficiente para que caracterizassem-no no aumentativo: Clébão. E no jogo aéreo também foi soberano, ao explorar a singular impulsão com aquele 1,82m de altura.

Aos 13 anos de idade, integrante de família pobre, aquele brutamonte do Cléber não teria como estranhar o emprego de carregador de caixas em supermercado. Precocidade no trabalho implicou facilmente em adaptação em fábrica de linguiça, mas a vocação pelo futebol o levou ao desafio de teste peneira no Atlético Mineiro, porém na função de atacante, já que à época mostrava relativo domínio de bola.

Sabe-se lá quem 'mediu' Cléber do pé à cabeça, constatou semelhança com porte físico de zagueiros do tipo Ditão e Moisés de Corinthians de décadas passadas, e imaginou que com lesões de dois jogadores da posição no juvenil, não seria descabida a improvisação do então pretendente à artilharia. E como Cléber desarmava melhor que os antecessores, sabia usar rispidez para se impor, foi fixado naturalmente na posição.

Jogador de personalidade, não se abateu com a goleada por 4 a 1 sofrida para o rival Cruzeiro em 1987, na estreia. Assim, dois anos depois o Logroñes, da Espanha, veio buscá-lo, e quando lá esteve foi convocado à Seleção Brasileira. O regresso ao Brasil, em 1993, foi decorrente da montagem do seleto time palmeirense, quando de imediato barrou o zagueiro Tonhão e conquistou bicampeonato brasileiro e Paulistão.

Assim, a trajetória no Verdão se estendeu até 1999, ano do título da Libertadores, quando gradativamente foi perdendo espaço na equipe para Roque Júnior e Júnior Baiano. O Cruzeiro apostou que recuperasse a velha forma, sem que ele ratificasse o passado, como se repetiu na sequência em Santos, Yderdon da Suíça e Figueirense, quando frequentes lesões o prejudicaram ainda mais.

Em 2006, aos 37 anos de idade, com propensão para engordar, encerrou a carreira no São Caetano, certo que continuaria no meio. Topou proposta para ser coordenador de futebol de América (MG) e Mogi Mirim, posteriormente treinou Rio Claro, Araxá (MG) e Poços de Caldas, mas a vocação ficou demonstrada como executivo de futebol.

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