A
morte do ex-goleiro João Marcos Coelho da Silva no dia dois de abril
passado, aos 66 anos de idade, com passagem pelo Palmeiras nos três
anos que precederam 1983, remete à discussão sobre companheiros de
profissão que enveredam ao alcoolismo quando do encerramento da
carreira. Embora tenha travado luta titânica para vencer a doença -
assim considerada pela Ordem Mundial da Saúde -, os desdobramentos
foram letais, após complicações no esôfago.
Esse
vício maldito não escolhe gênero, classe social e idade.
Compromete seriamente o bom funcionamento do organismo, porque é uma
doença lenta e progressiva que pode levar à morte. O processo de
recuperação é cheio de obstáculos, mesmo com ajuda psicológica e
do núcleo dos Alcoólicos Anônimos, cuja filosofia de superação é
conscientizar o viciado a uma vitória em cada dia.
Em
determinado estágio da doença o reflexo é irreversível, como foi
o caso de João Marcos, vítima do uso constante, descontrolado e
progressivo da bebida. Ele se submeteu ao processo de internação
para desintoxicação em 2010, na cidade de Mogi das Cruzes, tinha
determinação para vencer o desejo do próximo gole, considerava-se
curado, e até dava palestras orientando sobre o malefícios do
vício.
Restou
o histórico do atleta João Marcos, natural de Botucatu (SP),
revelado pela base do Guarani em 1971, quando teve como companheiros,
entre outros, o meio-campista e hoje jornalista Roberto Diogo,
lateral-esquerdo Ricardo Cascorão, meio-campistas Ednaldo e Eli
Carlos, e Washington. Todavia, promovido ao profissional, jamais se
firmou como titular, e a partir de 1975 seguiu a carreira no São
Bento de Sorocaba e Noroeste, ambos do interior paulista. Depois foi
levado ao Palmeiras, quando atingiu o pico da carreira marcada por
elasticidade e coragem para sair da meta. Ele atuou num time formado
por João Marcos, Perivaldo, Wagner Bacharel, Nenê Santana e Márcio;
Batista, Cléo, Carlos Alberto Borges e Jorginho; Carlos Alberto
Seixas e Carlos Henrique.
Em
1984 realizou a única partida na Seleção Brasileira, na vitória
por 1 a 0 em amistoso contra o Uruguai. No mesmo ano, no Grêmio, a
atribuição seria substituir o goleiro Mazaroppi, mas após 69 jogos
o ombro lesionado implicou em falha, quando largou a bola nos pés do
saudoso Kita, que marcou para o Inter. Ano seguinte ainda tentou
jogar no Novorizontino, mas em vão.
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