domingo, 4 de agosto de 2019

Adeus ao talentoso meia Mendonça


 No dia 23 de maio de 2017, publiquei texto com retrato fiel da trágica situação do então meia Mendonça, que havia se transformado em alcoólatra incorrigível, um contraste com aquele talentoso jogador com pontaria singular ao chutar na corrida contra o gol adversário.

 Não bastassem dribles estonteantes em quem entrasse feito louco na jogada para desarmá-lo, driblava também pisos irregulares quando arriscava finalizações. Pois esse Milton da Cunha Mendonça, 63 anos de idade, outrora idolatrado, com pés na calçada da fama do Estádio Maracanã, que esteve internado em hospital do Rio de Janeiro, tentava driblar malefícios provocados por bebidas alcoólicas, morreu por outro motivo: desdobramento de queda de escada de trem da Estação Guilherme da Silveira, no Rio.

 Do acidente Mendonça sofreu duas fraturas, ficou cerca de dois meses internado, até morrer. Quando hospitalizado nas vezes anteriores, por causa do alcoolismo, órgãos vitais do corpo humano, como fígado, baço e rim, já haviam sido afetados.

 Mendonça não teve a mesma sorte do goleiro João Marcos - ex-Noroeste, Guarani e Palmeiras -, que testemunha em livro como venceu a difícil batalha travada contra o vício do álcool. O histórico de Mendonça no futebol profissional começou no Botafogo. Lançado pelo ex-treinador Zagallo em 1975, firmou-se como ponta-de-lança na temporada seguinte, num time formado por Wendell; Miranda, Osmar Guarnelli, Nilson Andrade e Marinho Chagas; Carlos Roberto, Cremílson e Mendonça; Antonio Carlos, Manfrini e Mário Sérgio.

 Na época ele era cobrador oficial de faltas e seguia fielmente o conselho do pai Mendonça, lateral-direito do Bangu da temporada de 1951, para que evitasse fratura na perna como ocorrera com ele, em bola dividida com o meia Didi. “Só dividida bola quando tiver certeza que ela está mais para você”, ensinava. Em 1983, quando a Portuguesa se dava ao luxo de contratar jogadores de nível, foi reforçada com Mendonça, que lá ficou por duas temporadas, até que o Palmeiras foi buscá-lo, e ele participou daquele vice-campeonato do Paulistão de 1986, supreendido surpreendido pela Inter de Limeira.
 Depois Mendonça passou por Santos e Grêmio, já sem o rendimento de outrora. No final de carreira, sentiu o amargo gosto da estrada da volta no futebol no São Bento e Inter de Limeira. A despedida ocorreu no Bangu em 1990.

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