No dia 23 de
maio de 2017, publiquei texto com retrato fiel da trágica situação
do então meia Mendonça, que havia se transformado em alcoólatra
incorrigível, um contraste com aquele talentoso jogador com pontaria
singular ao chutar na corrida contra o gol adversário.
Não
bastassem dribles estonteantes em quem entrasse feito louco na jogada
para desarmá-lo, driblava também pisos irregulares quando arriscava
finalizações. Pois esse Milton da Cunha Mendonça, 63 anos de
idade, outrora idolatrado, com pés na calçada da fama do Estádio
Maracanã, que esteve internado em hospital do Rio de Janeiro,
tentava driblar malefícios provocados por bebidas alcoólicas,
morreu por outro motivo: desdobramento de queda de escada de trem da
Estação Guilherme da Silveira, no Rio.
Do acidente
Mendonça sofreu duas fraturas, ficou cerca de dois meses internado,
até morrer. Quando hospitalizado nas vezes anteriores, por causa do
alcoolismo, órgãos vitais do corpo humano, como fígado, baço e
rim, já haviam sido afetados.
Mendonça não
teve a mesma sorte do goleiro João Marcos - ex-Noroeste, Guarani e
Palmeiras -, que testemunha em livro como venceu a difícil batalha
travada contra o vício do álcool. O histórico de Mendonça no
futebol profissional começou no Botafogo. Lançado pelo ex-treinador
Zagallo em 1975, firmou-se como ponta-de-lança na temporada
seguinte, num time formado por Wendell; Miranda, Osmar Guarnelli,
Nilson Andrade e Marinho Chagas; Carlos Roberto, Cremílson e
Mendonça; Antonio Carlos, Manfrini e Mário Sérgio.
Na
época ele era cobrador oficial de faltas e seguia fielmente o
conselho do pai Mendonça, lateral-direito do Bangu da temporada de
1951, para que evitasse fratura na perna como ocorrera com ele, em
bola dividida com o meia Didi. “Só dividida bola quando tiver
certeza que ela está mais para você”, ensinava. Em 1983, quando a
Portuguesa se dava ao luxo de contratar jogadores de nível, foi
reforçada com Mendonça, que lá ficou por duas temporadas, até que
o Palmeiras foi buscá-lo, e ele participou daquele vice-campeonato
do Paulistão de 1986, supreendido surpreendido pela Inter de
Limeira.
Depois
Mendonça passou por Santos e Grêmio, já sem o rendimento de
outrora. No final de carreira, sentiu o amargo gosto da estrada da
volta no futebol no São Bento e Inter de Limeira. A despedida
ocorreu no Bangu em 1990.
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