Boleiro do passado comumentemente despreza o
futebol de rigorosa marcação ora praticado no Brasil, e testemunha que no seu
tempo era tudo diferente. Um deles é o ex-meia de armação Elói, que embora
franzino e 1,72m de altura, tinha privilegiada visão de jogo e habilidade para
romper marcações. E quando curte a aposentadoria em praias de Niteroi (RJ), a
careca brilha por causa do sol causticante, contrastando com a cabeleira loira
e encaracolada das décadas de 70 e 80.
Lá, com aqueles pouco mais de 60 quilos ainda
mantidos, é frequentador assíduo de quiosques para saborear água de coco e se
divertir com a tentação do futvôlei. Afinal, aqueles exercícios servem de
preparação para jogos nos finais de semana em equipe de máster, com desempenho
que não indica ter completado 64 anos de idade em fevereiro passado.
Francisco Chagas Elói é um caipira confesso
natural de Andradina, interior paulista, que da roça foi transformado em atleta
profissional no clube da cidade por questão vocacional. Aí olheiros de plantão
o levaram ao Juventus, e depois à Portuguesa em 1978, jogando com os zagueiros
Daniel Gonzales e Beto Lima, meia Wilson
Carrasco e atacante Eléas. Por isso causou estranheza a volta ao interior na
temporada seguinte, ao integrar a Inter de Limeira (SP), época que confessou a
tara por treinamentos. “Pedia pro Camargo (ponteiro-direito) cruzar e eu batia
de primeira na bola”.
Quando rotulado de talentoso na transferência
ao Santos, concordou integralmente e acrescentou que treinador não ensina o
craque a jogar. “Eu sabia exatamente aquilo que tinha que fazer em campo”. E
por reconhecer as virtudes dele o Gênoa, da Itália, veio buscá-lo, jamais
projetando dificuldades de adaptação, problema superado na passagem pelo Porto
(POR), quando atuou ao lado dos atacantes Casagrande e Juari. Ainda naquele
país integrou o elenco do Boa Vista.
Na década de 80, Elói teve trajetória
aplaudida por Vasco, Botafogo, Fluminense e América do Rio de Janeiro. E, ao se
identificar com o Estado, lá se fixou, sem esquecer a infância de torcedor
corintiano quando esperava até altas horas da noite vídeo teipes de jogos na TV
preto e branco, mas nas tardes de domingo sintonizava a Rádio Bandeirantes
para ouvir a narração do saudoso Fiori Gigliotti. “Era uma delícia ouvir ele
falar abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”.
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