domingo, 4 de agosto de 2019

Elói, craque que curte aposentadoria no Rio


 Boleiro do passado comumentemente despreza o futebol de rigorosa marcação ora praticado no Brasil, e testemunha que no seu tempo era tudo diferente. Um deles é o ex-meia de armação Elói, que embora franzino e 1,72m de altura, tinha privilegiada visão de jogo e habilidade para romper marcações. E quando curte a aposentadoria em praias de Niteroi (RJ), a careca brilha por causa do sol causticante, contrastando com a cabeleira loira e encaracolada das décadas de 70 e 80.

 Lá, com aqueles pouco mais de 60 quilos ainda mantidos, é frequentador assíduo de quiosques para saborear água de coco e se divertir com a tentação do futvôlei. Afinal, aqueles exercícios servem de preparação para jogos nos finais de semana em equipe de máster, com desempenho que não indica ter completado 64 anos de idade em fevereiro passado.

 Francisco Chagas Elói é um caipira confesso natural de Andradina, interior paulista, que da roça foi transformado em atleta profissional no clube da cidade por questão vocacional. Aí olheiros de plantão o levaram ao Juventus, e depois à Portuguesa em 1978, jogando com os zagueiros Daniel Gonzales e Beto Lima,  meia Wilson Carrasco e atacante Eléas. Por isso causou estranheza a volta ao interior na temporada seguinte, ao integrar a Inter de Limeira (SP), época que confessou a tara por treinamentos. “Pedia pro Camargo (ponteiro-direito) cruzar e eu batia de primeira na bola”. 

 Quando rotulado de talentoso na transferência ao Santos, concordou integralmente e acrescentou que treinador não ensina o craque a jogar. “Eu sabia exatamente aquilo que tinha que fazer em campo”. E por reconhecer as virtudes dele o Gênoa, da Itália, veio buscá-lo, jamais projetando dificuldades de adaptação, problema superado na passagem pelo Porto (POR), quando atuou ao lado dos atacantes Casagrande e Juari. Ainda naquele país integrou o elenco do Boa Vista.

 Na década de 80, Elói teve trajetória aplaudida por Vasco, Botafogo, Fluminense e América do Rio de Janeiro. E, ao se identificar com o Estado, lá se fixou, sem esquecer a infância de torcedor corintiano quando esperava até altas horas da noite vídeo teipes de jogos na TV preto e branco, mas nas tardes de domingo sintonizava a Rádio Bandeirantes para ouvir a narração do saudoso Fiori Gigliotti. “Era uma delícia ouvir ele falar abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”. 


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