Dezenove de julho é marcado como Dia Nacional
do Futebol, que há muito tempo deixou de ser colírio para os olhos. Há quem
justifique que outrora o bebê já cutucava a barriga da mãe cobrando pressa pra
vir ao mundo. Queria crescer rapidinho para chutar bola e copiar dribles
estonteantes de Pelé e companhia. Encantava-se com o drible elástico de Roberto
Rivellino e enfeitados calcanhares do saudoso Sócrates, que parecia ter olhos
na nuca. Brilhos de Ronaldinhos Gaúchos, Romários e zagueiros clássicos também
eram aplaudidos, assim como primor em cobranças de faltas.
Pois aqueles campinhos de terra batida
perderam espaço para o concreto e rarearam os meninos malabaristas com a bola
nos pés. Assim, a geração dos trinta e poucos anos de idade não saboreia 20% da
delícia que foi o futebol do passado, e contenta-se com vitórias de seu clube
predileto, independentemente da forma como foram construídas.
Quase tudo mudou no futebol. Das traves roliças
de madeira àquelas de ferro. Das camisas dos atletas colocadas dentro do
calção, hoje soltas. Dos goleiros de camisas mangas compridas, cotoveleiras e
joelheiras, ao uniforme comum dos companheiros. Calção? Na década de 70 era bem
curtinho e apertado, de forma até a provocar incômodo pra correr, contrastando
com os tais bermudões.
Foi-se o tempo em que era permitido ao atleta
abusar de meias arriadas, desprovido de caneleiras. De certo o Casagrande
comentarista da Rede Globo está com canelas riscadas pelos beques
bonitudos, porque nos tempos de centroavante as suas meias ficavam nos
tornozelos.
Livramos de árbitros safados que fabricavam
resultados, mas ainda vemos o justiceiro VAR a passos de tartaruga. No lugar de
'treineiro' que cobrava precisão técnica, hoje prevalece observância tática. O
saudoso e execrado Milton Buzzeto, treinador do Juventus dos anos 70, que
inventou a retranca no Brasil, hoje seria saudado, visto que a maioria dos
comandantes optou por copiá-lo.
Também não se produz dirigente como antigamente. Se antes o amadorismo servia de alicerce pra que aprendesse a construção, hoje inadvertidamente começa na função pelo telhado, se escorrega e tomba. O torcedor trocou a saudável 'zoadinha' pela selvageria, com dentes afiados para bater e apanhar. Ora, por que não se resgatar pelo menos parcialmente a essência do futebol?
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