domingo, 4 de agosto de 2019

Que resgatemos um pouco do futebol do passado!


 Dezenove de julho é marcado como Dia Nacional do Futebol, que há muito tempo deixou de ser colírio para os olhos. Há quem justifique que outrora o bebê já cutucava a barriga da mãe cobrando pressa pra vir ao mundo. Queria crescer rapidinho para chutar bola e copiar dribles estonteantes de Pelé e companhia. Encantava-se com o drible elástico de Roberto Rivellino e enfeitados calcanhares do saudoso Sócrates, que parecia ter olhos na nuca. Brilhos de Ronaldinhos Gaúchos, Romários e zagueiros clássicos também eram aplaudidos, assim como primor em cobranças de faltas.

 Pois aqueles campinhos de terra batida perderam espaço para o concreto e rarearam os meninos malabaristas com a bola nos pés. Assim, a geração dos trinta e poucos anos de idade não saboreia 20% da delícia que foi o futebol do passado, e contenta-se com vitórias de seu clube predileto, independentemente da forma como foram construídas.

 Quase tudo mudou no futebol. Das traves roliças de madeira àquelas de ferro. Das camisas dos atletas colocadas dentro do calção, hoje soltas. Dos goleiros de camisas mangas compridas, cotoveleiras e joelheiras, ao uniforme comum dos companheiros. Calção? Na década de 70 era bem curtinho e apertado, de forma até a provocar incômodo pra correr, contrastando com os tais bermudões.

 Foi-se o tempo em que era permitido ao atleta abusar de meias arriadas, desprovido de caneleiras. De certo o Casagrande comentarista da Rede Globo está com canelas riscadas pelos beques bonitudos, porque nos tempos de centroavante as suas meias ficavam nos tornozelos.

 Livramos de árbitros safados que fabricavam resultados, mas ainda vemos o justiceiro VAR a passos de tartaruga. No lugar de 'treineiro' que cobrava precisão técnica, hoje prevalece observância tática. O saudoso e execrado Milton Buzzeto, treinador do Juventus dos anos 70, que inventou a retranca no Brasil, hoje seria saudado, visto que a maioria dos comandantes optou por copiá-lo.

 Também não se produz dirigente como antigamente. Se antes o amadorismo servia de alicerce pra que aprendesse a construção, hoje inadvertidamente começa na função pelo telhado, se escorrega e tomba. O torcedor trocou a saudável 'zoadinha' pela selvageria, com dentes afiados para bater e apanhar. Ora, por que não se resgatar pelo menos parcialmente a essência do futebol?

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