Em janeiro
passado, cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) abriram
perspectiva para futuramente se comemorar a cura do Mal de Alzheimer, através
de tratamento que possa anular os efeitos nocivos de perda progressiva da
memória do paciente. Enquanto isso, o SUS (Sistema Único de Saúde) fornece
remédios que ajudam a retardar a evolução dos sintomas.
A demora para
se vencer o desafio provoca vítimas que marcaram história no futebol, a última
delas o ex-lateral-esquerdo e quarto-zagueiro Altair Gomes de Figueiredo, morto
neste nove de agosto, aos 81 anos de idade. Ele faz parte da história do
Fluminense como quarto jogador que mais vestiu a camisa do clube - 551 jogos -,
entre as décadas de 50 e 60. E consta no currículo dele ter integrado a Seleção
Brasileira nas Copas do Mundo de 1962 e 1966.
Em comum entre
Altair e Édson Cegonha foi que atuaram como lateral-esquerdo, embora a posição
originária de Cegonha tenha sido de volante, com passagens por Corinthians, São
Paulo e Palmeiras. A maldição do Alzheimer implicou que ambos ficassem perdidos
em ruas, sem noção do caminho de regresso.
Cegonha, que
morreu em 2015 aos 72 anos de idade, sofreu com a doença durante cinco anos, e
ficou perdido pelas ruas de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, por duas semanas.
Altair perambulou desorientado em ruas de Brasília por dez horas, até ser
localizado urinando num canteiro, e conduzido de volta ao hotel que acomodava
jogadores campeões mundiais pela Seleção, para solenidade do dia seguinte no
Estádio Mané Garrincha, que visava homenageá-los na abertura da Copa das
Confederações de 2013.
Em seguida,
apagou da memória de Altair que fora excelente marcador, com conquistas de
títulos. Já não podia contar que outrora treino-peneira 'castrava' talentos.
Nos três minutos da 'peneirada' no Vasco sequer pegou na bola e acabou
dispensado. Só os amigos passaram a relatar a relutância dos pais dele para que
ingressasse no futebol, nas Laranjeiras, e reproduziram histórias espontâneas
contadas pelo lateral, como confissão do baile que havia levado do
ponteiro-direito Mané Garrincha do Botafogo, na final de 1957 do Campeonato
Carioca. Até valores de renovação de contrato ele revelava.
Antes de perder
a memória, Altair se vangloriava de seu tempo de atleta, rico em desarme limpo,
contrastando com o antijogo de hoje.
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