Em 2004, quando dirigia o Vitória em partida
contra o São Paulo, no Estádio Barradão, em Salvador (BA), a angústia do então
treinador Evaristo de Macedo foi flagrada por cinegrafistas da TV Globo a cada falha grotesca de sua defesa.
Ele também coçava a cabeça com a inoperância de seu ataque, gritava, gesticulava,
mas tudo em vão. Amargava goleada por 4 a 1.
E precisava Evaristo de Macedo passar por aquilo? É que o futebol está no
sangue. Diferente da maioria dos boleiros em início de carreira, ele pertencia
a uma família de classe média do Rio de Janeiro, estudou no Instituto Grambery
de Juiz de Fora (MG), e trancou matrícula do curso de medicina porque seu
negócio era correr atrás da bola. Só escutou conselhos dos pais para se tornar
oficial da reserva do Exército brasileiro.
Como jogador foi reconhecido internacionalmente
com títulos na Espanha. Como treinador, não bastassem boas campanhas em grandes
clubes, enriqueceu currículos de jogadores desconhecidos do Bahia com a
conquista do Campeonato Brasileiro de 1988.
Nas conversas confidenciais, Evaristo falou
mal daquele time do Vitória. Se ele foi um atacante que penetrava em defesas
adversárias com dribles objetivos e chutes fortes de média distância, seria
natural ficar contrariado com atacantes sem confiança para tentar jogadas.
Nos tempos de ponta-de-lança, Evaristo era
muito mais que driblador. Tinha frieza para enfrentar goleiros e fazia gols aos
montes. Foi assim no tricampeonato conquistado pelo Flamengo em 1955, e a
história se repetiu no Barcelona nas temporadas de 58/59 e 60/61, quando foi
artilheiro do Campeonato Espanhol. Depois ainda fez sucesso no Real Madrid, e
faltou-lhe apenas o título mundial de 1958, na Copa da Suécia. A antiga CBD (Confederação
Brasileira de Desportos) se esforçou para tentar liberá-lo, mas na época o
Barcelona endureceu.
Como treinador, mostrava aos comandados o
desenho das jogadas, quer na marcação, quer na organização. Nas preleções,
gabava-se de ter feito cinco gols na goleada da Seleção Brasileira contra a
Colômbia, no Estádio Nacional de Lima (Peru), pelo Campeonato Sul-Americano de
1957, façanha que o coloca como recordista de gols em uma só partida pelo
selecionado.
Com residência fixada no Rio de Janeiro, em
junho ele vai completou 84 anos de idade.
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