domingo, 30 de agosto de 2020

Roger Machado, profissional do futebol que luta contra o racismo

Se jogadores da NBA lideraram protesto contra o racismo nos Estados Unidos, percebe-se a dimensão que o assunto atingiu naquele país. Na Europa, notadamente na Inglaterra, foram registrados mais manifestações contra discriminação racial no último final de semana, e o assunto tem gerado discussões no Brasil. No futebol, o negro treinador Roger Machado, do Bahia, tem sido participativo nestas discussões, com cobrança de igualdade de tratamento para as raças.

A gente precisa falar sobre isso. Precisamos sair da fase da negação. Ah, não falar sobre democracia racial? Minha posição como negro na elite do futebol é para confirmar o racismo. O maior preconceito que eu senti não foi de injúria. Eu sinto que há racismo quando eu vou ao restaurante e só tem eu de negro. Na faculdade que eu fiz, só tinha eu de negro. Isso é a prova para mim”, desabafou.

Ano passado, apenas dois treinadores negros integraram clubes do Campeonato Brasileiro da Série A: Roger Machado e Marcão, do Fluminense. E a postura de Roger de se posicionar sobre racismo estrutural existente no Brasil e no futebol teve eco na Câmara de Vereadores de Salvador (BA), que o condecorou com a medalha Zumbi dos Palmares, honraria concedida pelo destaque na luta contra o racismo.

Esse Roger Machado com posições definidas sobre comportamento não tem 'papas na língua' sobre relacionamento no elenco do Bahia, ao não poupar críticas ao atacante Marco Antonio. A justificativa para afastá-lo em uma semana foi falta de profissionalismo. “O Marco Antonio estava gordo. Aí emagreceu, entrou nos eixos e está de volta”, informou o treinador, exigindo dos comandados que se pautem pela imagem dele enquanto atleta, quando trilhou trajetória de seriedade.

O Roger atleta foi lateral-esquerdo com firmeza na marcação e força física para levar a bola ao ataque. A trajetória no Grêmio de nove anos, a partir de 1994, foi de títulos regionais, Copa do Brasil, Libertadores e Recopa. Nos dois anos de Fluminense igualmente manteve regularidade, e a sonhada carreira no exterior durou apenas uma semana, quando foi acusada lesão lombar no D.C. Unitad dos Estados Unidos.

Como treinador, oscilou em grandes clubes. Foi terceiro colocado no Brasileirão com o Grêmio, campeão estadual no Atlético Mineiro, sucumbiu no Palmeiras, e tem sido criticado no Bahia.

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