Imaginem
se hoje, quando o mundo contesta com veemência o racismo, alguém
ousaria apelidar o saudoso goleiro Orlando de 'gato preto'. Pois
assim ele era identificado nos anos 60, quando se revezava na meta da
Portuguesa com o igualmente falecido Félix. O próximo 19 de julho
marca o 13º ano da morte de Orlando, após quatro meses internado em
São Paulo. Ele foi vítima de AVC (acidente vascular cerebral),
quando faltavam seis dias para completar 67 anos de idade.
O
carioca Orlando Alves Ferreira pode não ter sido goleiraço, mas
pegava as bolas defensáveis na passagem pela Lusa de 1963 a 1974.
Ele só foi fixado como titular com a transferência de Félix para o
Fluminense, cuja trajetória culminou com ingresso na Seleção
Brasileira e conquista do tricampeonato mundial na Copa de 1970.
Orlando
jogou num período em que eram raros goleiros negros. Exemplos
marcantes se resumiram a Barbosa, Veludo, Barbosinha, Mão de Onça.
Dimas Monteiro, Tobias, Jairo e Ubirajara Alcântara de Flamengo e
Botafogo (RJ), eleito pelo júri do programa de televisão ‘Discoteca
do Chacrinha’ o negro mais bonito do Brasil em 1971.
Ubirajara
também entrou para a história do futebol como o primeiro goleiro a
marcar gol, em partida contra a Portuguesa carioca. Ao chutar a bola
de sua área, o objetivo era que atingisse o campo adversário.
Todavia, empurrada pelo forte vento traiu o goleiro adversário.
Antes
disso, havia registro de gol de goleiro em circunstância diferente.
Em 1964, numa excursão da Lusa pelos Estados Unidos, após o nono
gol contra o Massachusetts, o goleiro Félix foi jogar de
centroavante para permitir a entrada de Orlando na posição. E
curiosamente ele marcou o décimo gol luso, numa partida que terminou
12 a 1.
Barbosa,
morto em 2000, foi goleiro de inegáveis virtudes no Vasco, porém
ficou marcado pelo gol que sofreu do atacante uruguaio Ghiggia, na
Copa do Mundo de 1950, na derrota brasileira na final por 2 a 1, no
Estádio do Maracanã.
Barbosinha
esquentou o banco de reservas do Timão até 1967, quando foi fixado
como titular. Um ano depois, taxado de frangueiro por torcedores,
perdeu espaço no clube, que voltou a contar com goleiros negros com
as chegadas de Tobias e Jairo nos anos 70, e posteriormente com o
alagoano César, baixinho de qualidade técnica discutível, em
meados da década de 80.
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