Neste
período de pandemia, quarentena prolongada, futebol paralisado, o
noticiário esportivo fica encolhido, e isso exige imaginação de
produtores de programas e edições de textos para pautas sugestivas,
com finalidade de cativar atenção de leitores e ouvintes.
Como
integro equipe de analistas de futebol da Rádio Brasil
Campinas, a coordenadoria do programa criou o quadro 'Painel
Campeão', ocasião em que são elaboradas perguntas sobre o futebol
de todos os tempos, uma delas sobre qual atleta seria caracterizado
como maior injustiçado, ao ser relegado na Seleção Brasileira à
disputa de uma Copa do Mundo?
Em
viagem ao passado uns dirão ter sido o meia cruzeirense Dirceu
Lopes. Outros vão citar o saudoso centroavante Toninho Guerreiro, de
Santos e São Paulo, cortado de última hora do Mundial de 1970, por
causa do diagnóstico de sinusite. Na prática houve ingerência do
então presidente da República Emílio Garrastazu Médico para
convocação de Dadá Maravilha, e o treinador Zagallo curvou-se à
exigência.
Há
quem lembrará que o meia Neto em 1990, no Corinthians, atravessava
fase singular, e que teria sido tremenda injustiça o treinador
Sebastião Lazaroni não levá-lo à Copa do Mundo da Itália, com
preferência por Bismark, ora no Vasco. Aquele foi considerado um dos
piores grupos de Seleção Brasileira.
Diante
do universo aparentemente infindável de exemplos, justifiquei que o
saudoso zagueiro-central Djalma Dias foi o maior injustiçado, pois
acabou cotado em duas ocasiões às vésperas de Copa. Em 1966,
vinculado ao Palmeiras, foi pré-relacionado na lista dos 45
jogadores pelo treinador Vicente Feola, e inexplicavelmente foi
cortado, considerando-se que atravessava o auge da carreira, enquanto
Belini, aos 36 anos, já era jogador decadente no São Paulo. O outro
zagueiro central convocado àquela Copa da Inglaterra foi Brito.
Três
anos depois, já em defesa do Santos, Djalma Dias havia voltado em
alto estilo à Seleção Brasileira, nas Eliminatórias à Copa do
Mundo do México, em 1970, ocasião em que, titularíssimo nas feras
do Saldanha, formava dupla de área com o também saudoso
quarto-zagueiro Joel Camargo. E foi na troca de comando do
selecionado, com Zagallo assumindo como treinador, que Djalma ficou
de fora, num descaso pelo estilo clássico dele para valorização da
saída de bola de trás, sabedoria para desarme ao adversário sem
recorrer às faltas, além do preciso tempo de bola para antecipação
da jogada.
Djalma
Dias foi revelado pelo América (RJ), e em 1963, já no Palmeiras,
havia substituído Waldemar Carabina, ano da conquista de título
estadual. Ele participou da primeira academia palmeirense comandada
pelo treinador Nelson Filpo Nunes, e o vínculo com o clube se
estendeu até 1967, quando, em litígio, transferiu-se ao Galo
mineiro, onde permaneceu durante um ano, até que no Santos
readquirisse a boa forma, que se prolongou no Botafogo (RJ) durante o
triênio a partir de 1971.
Vítima
de AVC (acidente vascular cerebral), ele morreu em primeiro de maio
de 1990, aos 41 anos de idade, no Rio. E deixou o herdeiro Djalminha,
meia extremamente habilidoso que chegou à Seleção Brasileira, e
teve trajetória brilhante em Flamengo, Guarani, Palmeiras, futebol
japonês, europeu, australiano e mexicano.
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