domingo, 7 de junho de 2020

Djalma Dias, injustiçado em Seleção Brasileira


Neste período de pandemia, quarentena prolongada, futebol paralisado, o noticiário esportivo fica encolhido, e isso exige imaginação de produtores de programas e edições de textos para pautas sugestivas, com finalidade de cativar atenção de leitores e ouvintes.
Como integro equipe de analistas de futebol da Rádio Brasil Campinas, a coordenadoria do programa criou o quadro 'Painel Campeão', ocasião em que são elaboradas perguntas sobre o futebol de todos os tempos, uma delas sobre qual atleta seria caracterizado como maior injustiçado, ao ser relegado na Seleção Brasileira à disputa de uma Copa do Mundo?
Em viagem ao passado uns dirão ter sido o meia cruzeirense Dirceu Lopes. Outros vão citar o saudoso centroavante Toninho Guerreiro, de Santos e São Paulo, cortado de última hora do Mundial de 1970, por causa do diagnóstico de sinusite. Na prática houve ingerência do então presidente da República Emílio Garrastazu Médico para convocação de Dadá Maravilha, e o treinador Zagallo curvou-se à exigência.
Há quem lembrará que o meia Neto em 1990, no Corinthians, atravessava fase singular, e que teria sido tremenda injustiça o treinador Sebastião Lazaroni não levá-lo à Copa do Mundo da Itália, com preferência por Bismark, ora no Vasco. Aquele foi considerado um dos piores grupos de Seleção Brasileira.
Diante do universo aparentemente infindável de exemplos, justifiquei que o saudoso zagueiro-central Djalma Dias foi o maior injustiçado, pois acabou cotado em duas ocasiões às vésperas de Copa. Em 1966, vinculado ao Palmeiras, foi pré-relacionado na lista dos 45 jogadores pelo treinador Vicente Feola, e inexplicavelmente foi cortado, considerando-se que atravessava o auge da carreira, enquanto Belini, aos 36 anos, já era jogador decadente no São Paulo. O outro zagueiro central convocado àquela Copa da Inglaterra foi Brito.
Três anos depois, já em defesa do Santos, Djalma Dias havia voltado em alto estilo à Seleção Brasileira, nas Eliminatórias à Copa do Mundo do México, em 1970, ocasião em que, titularíssimo nas feras do Saldanha, formava dupla de área com o também saudoso quarto-zagueiro Joel Camargo. E foi na troca de comando do selecionado, com Zagallo assumindo como treinador, que Djalma ficou de fora, num descaso pelo estilo clássico dele para valorização da saída de bola de trás, sabedoria para desarme ao adversário sem recorrer às faltas, além do preciso tempo de bola para antecipação da jogada.

Djalma Dias foi revelado pelo América (RJ), e em 1963, já no Palmeiras, havia substituído Waldemar Carabina, ano da conquista de título estadual. Ele participou da primeira academia palmeirense comandada pelo treinador Nelson Filpo Nunes, e o vínculo com o clube se estendeu até 1967, quando, em litígio, transferiu-se ao Galo mineiro, onde permaneceu durante um ano, até que no Santos readquirisse a boa forma, que se prolongou no Botafogo (RJ) durante o triênio a partir de 1971.
Vítima de AVC (acidente vascular cerebral), ele morreu em primeiro de maio de 1990, aos 41 anos de idade, no Rio. E deixou o herdeiro Djalminha, meia extremamente habilidoso que chegou à Seleção Brasileira, e teve trajetória brilhante em Flamengo, Guarani, Palmeiras, futebol japonês, europeu, australiano e mexicano.

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