O dito ‘rei morto, rei posto’ passou a ser
regra na atualidade. Alguns dias após a morte, o ente querido cai no
esquecimento. Claro exemplo aplica-se ao então goleiro Hélio Miguel, conhecido
nacionalmente nos meios esportivos como Neneca, morto na madrugada do dia 25 de
janeiro de 2015, vítima de um câncer sanguíneo incurável que afeta a medula
óssea e rins. Portanto, há um ano.
Internado no Hospital do Câncer de Londrina,
sua cidade natal, era submetido a sessões de quimioterapia e medidas paliativas
da medicina para amenizar dor e desconforto. Sabia-se, todavia, que nada
impediria o avanço da doença até o ponto sem retorno à normalidade.
Diante do quadro irreversível, de certo o
próprio Neneca interpelou ao Deus misericordioso que o conduzisse à morte.
Assim, restou-lhe uma história rica e impagável como atleta. Ele será
eternamente lembrado pelo torcedor bugrino por ter participado do time campeão
do Campeonato Brasileiro de 1978.
Trazido a Campinas pelo então treinador Diede
Lameiro em 1976, só deixou o clube em 1980 ao se transferir para o Operário
(MS). No Guarani atravessou a melhor fase da carreira. Em razão da compleição
física avantajada, 1,82m de altura, pautava por arrojada saída da meta nas
bolas alçadas contra a sua área, raramente era traído nas tidas bolas
defensáveis e, como se recomenda a todo bom goleiro, em quase todas as partidas
ainda pegava uma ou duas bolas tidas como impossíveis.
Não bastasse tudo isso ainda era um líder positivo
dentro e fora de campo. No gramado comandava aos gritos, se necessário, o
quarteto defensivo. Nos bastidores, tinha sabedoria para apagar ‘focos de
incêndio’ no grupo, dialogava de forma transparente com membros da comissão
técnica, e era um dos interlocutores dos boleiros com cartolas para quaisquer
reivindicações.
A regularidade na meta do Guarani resultou em
778 minutos sem sofrer gols no ano do título nacional, marca que supera os
tempos de América Mineiro quando ficou 537 minutos sem ser vazado. Neste
quesito, nada se compara à passagem pelo Náutico no biênio 1974-75 quando não
tomou gol durante 1.636 minutos.
Curioso é que a intenção inicial de Neneca era
jogar no ataque em times da molecadinha no interior do Paraná. Como se
aventurava como goleiro quando havia prolongamento das partidas através de
decisão em cobranças de pênaltis, percebeu que tinha aptidão pela posição, e ali
ficou.
Com propensão para engordar, a carreira entrou
em declínio ao deixar o Guarani. Ainda perambulou por Operário, Bragantino até
o encerramento no Votuporanguense em 1989. Depois disso participou como
comandante de escolinhas de futebol para garotos e na função de preparador de
goleiros, no próprio Guarani. Todavia, jamais repetiu a notoriedade dos tempos
de atleta.
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