segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Um ano sem o lateral Dalmo Gaspar

 Nicolau Maquiavel, italiano de Florença que morreu a pouco menos de 500 anos, foi um pensador com incrível sensibilidade, senão vejamos a eternizada frase da época: ‘Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio’.
 Maquiavel tinha razão. Quem lembrou que o dois de fevereiro passado foi marcado pelo primeiro ano da morte do lateral-esquerdo Dalmo Gaspar, aos 82 anos de idade, em Jundiaí (SP), sua cidade natal ?
 Não bastasse ter sido um eficiente lateral na marcação e tranquilidade para saída de bola da defesa, Dalmo foi inventor das paradinhas em cobranças de pênaltis, gesto atribuído a Pelé, que na prática apenas o copiou.
Quem confirmou isso foi o então ponteiro-esquerdo Pepe, companheiro na equipe do Santos.
 Com ou sem paradinha, este lateral-esquerdo entrou para a história do alvinegro praiano como autor do gol de pênalti que deu vitória à sua equipe por 1 a 0 sobre o Milan em 1963, na terceira e decisiva partida do Mundial Interclubes.
 Aquele jogo do bicampeonato foi realizado no Estádio do Maracanã dia 16 de novembro, e o Peixe contava com o mais categorizado time de sua história: Gilmar; Lima, Mauro e Dalmo; Zito e Calvet: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
 Como Pelé desfalcou a sua equipe na terceira e derradeira partida, em decorrência de contusão, o treinador Lula (já falecido) deixou a incumbência de cobrança de pênalti para Dalmo e Pepe. “Quando teve o lance, fomos até a bola e senti firmeza muito grande nele”, revelou Pepe sobre o companheiro.
 “Um jogador aplicado como o Dalmo merece estar na história”, acrescentou o ponteiro-esquerdo, que diferentemente do lateral pegava forte na bola também em cobranças de pênaltis, com histórico de ter furado redes adversárias.
 Pepe lembrou ainda que Dalmo sempre foi titular no time santista em quaisquer das posições de defesa, e até improvisado como volante. Todavia a fixação ocorreu na lateral-esquerda, período em que o Santos excursionava rotineiramente ao exterior. E numa das viagens, Pelé fez questão de presenteá-lo com uma chuteira de borracha, possibilitando que fosse o primeiro jogador brasileiro a utilizá-la no Brasil.
 Se a estréia de Dalmo no Peixe ocorreu no dia 26 de outubro de 1957, na vitória sobre o Palmeiras por 4 a 3, no Estádio do Pacaembu, a despedida foi em agosto de 1964, na vitória sobre o Juventus por 2 a 1, no Estádio da Rua Javari. Portanto, sete anos de clube.
 Depois retornou ao Guarani, que o projetou para o futebol. Na primeira passagem atuou num time formado por Nicanor, Dalmo e Waldir II; Joe, Sálvio e Waldir I (Henrique); Friaça (Edgarzinho), Vilalobos (Fifi), Romero, Benê e Jansen.

 O final de carreira ocorreu na zaga central do Paulista de Jundiaí. Depois comentou futebol em emissoras da cidade e trabalhou como funcionário público até a aposentadoria.

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