segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Deley, do futebol para a política

 Décadas passadas, boleiros e política eram coisas que não combinavam. Alfabetização não atingia a totalidade da categoria, e raros eram aqueles portadores de diplomas de cursos universitários. Nas entrevistas, iniciavam a fala na base de ‘ouvintes meus cumprimentos’. Nas derrotas, o encerramento invariavelmente não fugia do ‘vamos levantar a cabeça e partir pra próxima’.
 Depois o boleiro começou a se politizar, ingressou em siglas partidárias, e após a carreira passou a disputar eleições legislativas, principalmente. E neste perfil se enquadrou o então meia Deley, que fez sucesso no Fluminense e hoje ocupa o cargo de secretário de Estado de Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro.
 Engana-se quem supõe que ele caiu de pára-quedas na função. Carrega na bagagem formação universitária em Administração Esportiva e experiência na mesma atividade em 1997 na Prefeitura de Volta Redonda, cidade em que nasceu em 1959.
 Para assumir a pasta na secretaria estadual, em dezembro passado, abriu mão da cadeira de deputado federal. Foi um suplente que pelo PTB obteve 48.874 votos na eleição de 2014, e havia substituído Rodrigo Bethiem (PMDB).
 Igualmente foi suplente na Câmara na legislatura de 2010 a 2014, quando apresentou emenda que instituiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) destinada a investigar organização criminosa do tráfico de arma. Na metade do último ano daquele mandato foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por infidelidade partidária.
 Se a vertente política deste Wanderley Alves de Oliveira aflorou em 2002, na primeira eleição para deputado federal, pelo PSDB, seu talento para jogar futebol foi notado na infância. Daí à base do Fluminense foi coisa normal. Em 1980, já profissionalizado, assumiu a titularidade daquele meio de campo e, quatro anos depois, sagrou-se campeão brasileiro na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, num time por Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Deley e Assis; Romerito, Washington e Tato.
 Prevalecia o regime militar e a CBF loteava participação de clubes no Campeonato Brasileiro. Foram 41 naquela competição. O ingresso do Uberlândia na terceira fase fez parte da repescagem na segunda divisão. Moto Clube (MA), Tuna Luso (PA), Treze (PB), Confiança (SE), Auto Esporte (PI), Operário (MS), Anapolina (GO) e Brasília estavam na elite.
 Depois do Fluminense, Deley atuou 23 jogos pelo Palmeiras e teve passagens por Belenense de Portugal, Botafogo (RJ) e Volta Redonda. Era o típico organizador que colocava companheiros na cara do gol, tanto que nos sete anos de Flu marcou 17 gols em 281.

 Em 1994 o Flu apostou nele como treinador e repetiu a experiência quatro anos depois. Em 2013, ao aceitar o desafio de disputar a presidência do clube pela oposição, foi derrotado por Peter Siemsen.

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