segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Bons tempos de OTD na Portuguesa

 Outrora cartolas do futebol tinham receio da mídia e evitavam entrar em rota de colisão com profissionais dos veículos. Como toda regra tem exceção, eis que o saudoso Osvaldo Teixeira Duarte, presidente da Portuguesa nos 70 e 80, quis ‘peitar’ os principais jornais de São Paulo com alegação que desdenhavam o seu clube. O revide foi omissão do nome dele, que passou a ser identificado pelas inicias: OTD. Nem por isso ele modificou a sua conduta.
 O temperamento intempestivo dele já havia sido observado em 1972, ao dispensar seis jogadores após derrota para o Santa Cruz por 1 a 0, no Estádio Parque Antártica. Marinho Perez, Lorico, Piau, Samarone, Ratinho e Hector Silva foram responsabilizados. OTD cobrava resultados e não tolerava erros grosseiros dos homens que comandavam o futebol. Assim, naquele período as campanhas do clube foram aceitáveis.
 Igualmente as reformas no Estádio do Canindé foram feitas na gestão dele, trocando arquibancadas de madeira pela estrutura de cimento. Liderou campanhas de doações de materiais de construção, e em 1972 inaugurou obras do estádio, que posteriormente recebeu o nome dele.
 Na segunda reeleição em 1974, ele agitou a colônia portuguesa ao elevar de 17.066 para 70 mil o número de associados do clube. Com domínio absoluto da situação, ele sabia até quantas toalhas estavam na sauna. Exigia que os departamentos economizassem custos. Assim, por dez anos consecutivos conduziu o clube, abrindo espaço para que outras lideranças o sucedessem.
 Em 1984, na volta ao poder, girou a metralhadora para a Federação Paulista de Futebol. Conseguiu vetar árbitros da velha guarda de jogos de seu time, entre eles Dulcídio Vanderlei Boschilia, José Assis Aragão, Roberto Nunes Morgado e Romualdo Arpi Filho. Quando a Lusa foi à final do Paulistão em 1985, a entidade escalou o desconhecido José Carlos Nascimento para apitar.
 Como morreu em outubro de 1990, o então dirigente deve estar se revirando no túmulo com a decadência da Lusa, que perdeu até status de time do bloco intermediário. O clube ainda administra dívida monstruosa e não escapou do risco de perda de seu estádio.
 O último grande ídolo da Portuguesa foi Dêner, também ponta-de-lança, que perdeu a vida em acidente de automóvel, no Rio de Janeiro, em 1994, quando defendia o Vasco por empréstimo.
 O último momento marcante do clube foi em 1996, com o vice-campeonato brasileiro. Depois, restou só paciência de seu torcedor que, perplexo, compara craques do passado com o modestíssimo time do momento.

 Apesar disso, astros do passado sempre serão lembrados. Entre eles o lendário meia Pinga nas décadas de 40 e 50; pontas-de-lança exímios cabeceadores Leivinha, Enéas e Servílio (os dois últimos falecido), atacantes habilidosos Ivair e Dener (falecido), e zagueiros Ditão e Marinho Perez.

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