O jornalista e escritor Luís Fernando
Veríssimo já nos brindou com delicioso texto sobre diminutivo. Em determinado
trecho citou que no Brasil usa-se o diminutivo principalmente em relação à
comida. Também em mesa de bar é natural o pedido de cervejinha e bem geladinha.
São diminutivos devidamente incorporados ao cotidiano. Estranho, convenhamos, é
se chamar um brutamonte de Marinho como foi o caso do ex-zagueiro flamenguista
dos anos 80.
Digamos que na infância e adolescência em
Londrina (PR), cidade natal, Mário Caetano Filho fosse franzino, induzindo o
apelido no diminutivo. Quando adulto, com quase 1,90m de altura, ombros largos
e caixa torácica avantajada, evidentemente estava mais para Marião.
Paradoxalmente no futebol os “ão” se transformam em “inho” e vice-versa.
Após ter sido mal avaliado pelo São Paulo em
1977, Marinho se deu bem no Flamengo de 1980 a 1984, e conquistou todos os títulos
cobiçados por um atleta. Em 1981 foi campeão carioca, da Libertadores e Mundial
de Clubes. Colocou faixas três vezes no Brasileirão: em 80, 82 e 83.
Tanto na finalíssima da Libertadores como no
Mundial formou dupla de zaga com Mozer. Na competição sul-americana, Flamengo e
Cobreloa do Chile duelaram na final e venceram em seus domínios. Aí, conforme o
regulamento, foi realizado jogo extra no Uruguai, tão conturbado como no
Estádio Nacional em Santiago, capital chilena.
No Chile, o árbitro uruguaio Ramon Barreto fez
de conta que não viu o zagueiro chileno Mario Soto abrir o supercílio de
Marinho, cortar uma das orelhas de Lico e acertar o olho de Tita. Por isso o
Flamengo foi para o terceiro jogo com espírito vingativo. O meia Zico marcou os
dois gols da vitória por 2 a
0, e imprudentemente o técnico Paulo César Carpegiani recomendou ao atacante
Anselmo que entrasse em campo aos 42 minutos do 2º tempo para ajustar contas
com Mario Soto.
Ao substituir Nunes, o obediente Anselmo
desferiu forte soco no rosto do chileno, nocauteou-o, e saiu no pique. O
Flamengo estava vingado na bola e no tapa.
Emoção maior de Marinho ocorreu no título
mundial no Japão, na goleada por 3
a 0 sobre o Liverpool, da Inglaterra, com dois gols de
Nunes e um de Adílio, naquele melhor Flamengo de todos os tempos: Raul:
Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio, Zico e Lico; Tita e Nunes.
Aquele time extremamente ofensivo contava
basicamente com a pegada de Andrada no meio-de-campo. Adílio, Lico e Zico priorizavam
a criação e os laterais Leandro e Júnior apoiavam sistematicamente o ataque, deixando
os zagueiros Mozer e Marinho mano a mano com atacantes adversários. E eles
davam conta do recado.
Com a saída de Mozer, Marinho formou dupla de
zaga com Figueiredo. Depois ele passou por Botafogo (RJ) e encerrou a carreira
em Londrina, onde está radicado e completou 61 anos de idade em fevereiro.
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