segunda-feira, 7 de março de 2016

Marinho com jeito de Marião

 O jornalista e escritor Luís Fernando Veríssimo já nos brindou com delicioso texto sobre diminutivo. Em determinado trecho citou que no Brasil usa-se o diminutivo principalmente em relação à comida. Também em mesa de bar é natural o pedido de cervejinha e bem geladinha. São diminutivos devidamente incorporados ao cotidiano. Estranho, convenhamos, é se chamar um brutamonte de Marinho como foi o caso do ex-zagueiro flamenguista dos anos 80.
 Digamos que na infância e adolescência em Londrina (PR), cidade natal, Mário Caetano Filho fosse franzino, induzindo o apelido no diminutivo. Quando adulto, com quase 1,90m de altura, ombros largos e caixa torácica avantajada, evidentemente estava mais para Marião. Paradoxalmente no futebol os “ão” se transformam em “inho” e vice-versa.
 Após ter sido mal avaliado pelo São Paulo em 1977, Marinho se deu bem no Flamengo de 1980 a 1984, e conquistou todos os títulos cobiçados por um atleta. Em 1981 foi campeão carioca, da Libertadores e Mundial de Clubes. Colocou faixas três vezes no Brasileirão: em 80, 82 e 83.
 Tanto na finalíssima da Libertadores como no Mundial formou dupla de zaga com Mozer. Na competição sul-americana, Flamengo e Cobreloa do Chile duelaram na final e venceram em seus domínios. Aí, conforme o regulamento, foi realizado jogo extra no Uruguai, tão conturbado como no Estádio Nacional em Santiago, capital chilena.
 No Chile, o árbitro uruguaio Ramon Barreto fez de conta que não viu o zagueiro chileno Mario Soto abrir o supercílio de Marinho, cortar uma das orelhas de Lico e acertar o olho de Tita. Por isso o Flamengo foi para o terceiro jogo com espírito vingativo. O meia Zico marcou os dois gols da vitória por 2 a 0, e imprudentemente o técnico Paulo César Carpegiani recomendou ao atacante Anselmo que entrasse em campo aos 42 minutos do 2º tempo para ajustar contas com Mario Soto.
 Ao substituir Nunes, o obediente Anselmo desferiu forte soco no rosto do chileno, nocauteou-o, e saiu no pique. O Flamengo estava vingado na bola e no tapa.
 Emoção maior de Marinho ocorreu no título mundial no Japão, na goleada por 3 a 0 sobre o Liverpool, da Inglaterra, com dois gols de Nunes e um de Adílio, naquele melhor Flamengo de todos os tempos: Raul: Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio, Zico e Lico; Tita e Nunes.
 Aquele time extremamente ofensivo contava basicamente com a pegada de Andrada no meio-de-campo. Adílio, Lico e Zico priorizavam a criação e os laterais Leandro e Júnior apoiavam sistematicamente o ataque, deixando os zagueiros Mozer e Marinho mano a mano com atacantes adversários. E eles davam conta do recado.

 Com a saída de Mozer, Marinho formou dupla de zaga com Figueiredo. Depois ele passou por Botafogo (RJ) e encerrou a carreira em Londrina, onde está radicado e completou 61 anos de idade em fevereiro.

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