Dêner, uma história curta
A Portuguesa de Desportos não fez mais do que a sua obrigação ao garantir novamente o acesso ao Campeonato Paulista da Série A1 do ano que vem. A instabilidade do clube contrasta com período em que revelava jogadores e fazia campanhas no mínimo razoáveis.
Um dos astros renomados da Lusa foi José Lázaro Nobles, o Pinga, maior artilheiro da história do clube com 190 gols. Em 1952, após oito anos ininterruptos no clube, Pinga foi brilhar no Vasco, ocasião em que a empresa Gillette o requisitou como garoto-propaganda para um comercial sobre lâmina de barbear. Ele morreu no dia 7 de maio de 1996.
Outros meias e atacantes notáveis passaram pela Portuguesa, como Servilio, Ivair, Leivinha, Cabinho, Enéas e o paulistano Dêner Augusto de Souza, titular entre
Dener, franzino e de canelas finas, surgiu nas categorias de base da Lusa em 1991, e houve quem prognosticasse o surgimento de um novo príncipe no Canindé. Naquele mesmo ano foi conduzido ao time principal e chamado pelo então técnico Paulo Roberto Falcão à Seleção Brasileira.
Rápido como lambari, deixava a ‘zagueirada’ estonteante com as suas arrancadas. Aplicava até o drible da vaca quando julgava conveniente, e sempre marcava os seus golzinhos.
De repente o menino humilde coloca a mão num dinheiro jamais visto e a ‘mulherada’ fica assanhada. Foi quando faltou estrutura psicológica para administrar a fama e os cartolas da Lusa projetaram recuperá-lo emprestando o passe ao Grêmio, em 1993.
A segunda chance de recuperação foi no Vasco em 1994, igualmente por empréstimo. Quis o destino que Dêner morresse aos 23 anos de idade, vítima de acidente de automóvel no dia 19 de abril daquele ano, na Avenida Borges de Medeiros, que margeia a Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Ele viajava de São Paulo ao Rio de automóvel, em companhia do amigo Oto Gomes de Miranda, que dirigia o Mitsubishi branco e dormiu no volante, perdeu a direção, e o carro se chocou contra uma árvore. Conseqüência: ele perdeu as duas pernas.
Naquele momento, Dêner repousava no banco do carona, reclinado, e o pescoço foi prensado no cinto de segurança, provocando estrangulamento. O laudo médico apontou asfixia e fratura cervical.
Dener foi alvo de polêmica entre Portuguesa e Vasco após a morte. É que o clube cruzmaltino não havia feito seguro de US$ 3 milhões - valor do passe - e o caso tramitou na Justiça, até que o Vasco foi intimado a pagar.
Na véspera da morte, dirigentes da Lusa haviam definido a transferência do jogador para o Stuttgar, da Alemanha, mas a Europa não pôde se deliciar com o talento dele.
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