Grapete, zagueiro que nunca marcou gols
Nas décadas de 60 e 70 era raro zagueiros
marcarem gols. A ‘treinazorzada’ restringia passagens deles do meio-de-campo
até em cobranças de escanteios. Ditão, do Corinthians, - já falecido - só
ganhava permissão para se projetar à área adversária e tentar gols de cabeça
nos cinco minutos finais. E se o placar fosse adverso à sua equipe.
Um dos exemplos de zagueiro que jogou
futebol profissionalmente 1963
a 1976 e não marcou um gol sequer foi o do mineiro de
Silvianópolis Jorge Borges de Couto, que em maio completa 70 anos de idade, apelidado
de Grapete, que coincidentemente jogou futebol em apenas uma agremiação: Clube
Atlético Mineiro. E só parou por causa de lesão no joelho.
Aí, anos depois, ele ingressou com ação na
Justiça requerendo auxílio-acidente e conseguiu provar, com base em perícia,
seqüelas originárias da atividade como jogador de futebol. Assim, passou a
receber mensalmente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) o benefício
auxílio-acidente.
O estilo era de zagueiro vigoroso que sabia
usar o corpo para evitar desvantagem nas tentativas de penetrações de atacantes,
e assim foi campeão do primeiro Campeonato Brasileiro na temporada de 1971,
ocasião em que Telê Santana
- já falecido - era o treinador, num time formado por Renato; Humberto
Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei Paiva e Humberto; Ronaldo, Lola,
Dario e Tião.
Naquele
ano a competição foi disputada por 20 clubes de oito Estados, dividida em dois
grupos de dez equipes em
cada. Assim , os seis primeiros colocados de cada grupo
passaram à segunda fase, com redistribuição em três grupos de quatro clubes em cada
um. Atlético Mineiro, São Paulo e Botafogo, vencedores nas respectivas chaves, participaram
do triangular e o Galo ganhou dos adversários por 1 a 0.
Grapete
participou da inauguração do Mineirão em setembro de 1965, atuando pelo
combinado do Estado de Minas Gerais que venceu o River Plate da Argentina por 1 a 0. Na época, se
convencionava dizer o nome real do estádio, que homenageava Magalhães Pinto, homem
de trajetória vencedora. De escriturário do Banco Hipotecário e Agrícola do
Estado de Minas Gerais foi promovido a diretor em três anos. Também foi
fundador da UDN (União Democrática Nacional) e signatário do Ato Institucional
nº 5, o mais repressivo no período da ditadura militar.
Por que Grapete? Porque o seu pai foi distribuidor do
refrigerante lançado no Brasil em 1948, o primeiro com sabor de uva e
framboesa, cujo slogan era ‘quem bebe Grapete repete’. A marca competia com os
refrigerantes Coca-Cola, Pepsi-Cola, Crush, Gini, Cerejinha e os guaranás da
Antártica e da Brahma.
Certa
ocasião, locutores da Rádio Continental do Rio de Janeiro, patrocinada pela
Brahma, transmitindo jogo do Galo, não o chamavam de Grapete. Identificavam-no
como guaraná, por causa da concorrência.
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