segunda-feira, 15 de abril de 2013


Grapete, zagueiro que nunca marcou gols


 Nas décadas de 60 e 70 era raro zagueiros marcarem gols. A ‘treinazorzada’ restringia passagens deles do meio-de-campo até em cobranças de escanteios. Ditão, do Corinthians, - já falecido - só ganhava permissão para se projetar à área adversária e tentar gols de cabeça nos cinco minutos finais. E se o placar fosse adverso à sua equipe.

Um dos exemplos de zagueiro que jogou futebol profissionalmente 1963 a 1976 e não marcou um gol sequer foi o do mineiro de Silvianópolis Jorge Borges de Couto, que em maio completa 70 anos de idade, apelidado de Grapete, que coincidentemente jogou futebol em apenas uma agremiação: Clube Atlético Mineiro. E só parou por causa de lesão no joelho.

 Aí, anos depois, ele ingressou com ação na Justiça requerendo auxílio-acidente e conseguiu provar, com base em perícia, seqüelas originárias da atividade como jogador de futebol. Assim, passou a receber mensalmente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) o benefício auxílio-acidente.

  O estilo era de zagueiro vigoroso que sabia usar o corpo para evitar desvantagem nas tentativas de penetrações de atacantes, e assim foi campeão do primeiro Campeonato Brasileiro na temporada de 1971, ocasião em que Telê Santana - já falecido - era o treinador, num time formado por Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei Paiva e Humberto; Ronaldo, Lola, Dario e Tião.

 Naquele ano a competição foi disputada por 20 clubes de oito Estados, dividida em dois grupos de dez equipes em cada. Assim, os seis primeiros colocados de cada grupo passaram à segunda fase, com redistribuição em três grupos de quatro clubes em cada um. Atlético Mineiro, São Paulo e Botafogo, vencedores nas respectivas chaves, participaram do triangular e o Galo ganhou dos adversários por 1 a 0.

  Grapete participou da inauguração do Mineirão em setembro de 1965, atuando pelo combinado do Estado de Minas Gerais que venceu o River Plate da Argentina por 1 a 0. Na época, se convencionava dizer o nome real do estádio, que homenageava Magalhães Pinto, homem de trajetória vencedora. De escriturário do Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais foi promovido a diretor em três anos. Também foi fundador da UDN (União Democrática Nacional) e signatário do Ato Institucional nº 5, o mais repressivo no período da ditadura militar.

 Por que Grapete?  Porque o seu pai foi distribuidor do refrigerante lançado no Brasil em 1948, o primeiro com sabor de uva e framboesa, cujo slogan era ‘quem bebe Grapete repete’. A marca competia com os refrigerantes Coca-Cola, Pepsi-Cola, Crush, Gini, Cerejinha e os guaranás da Antártica e da Brahma.

 Certa ocasião, locutores da Rádio Continental do Rio de Janeiro, patrocinada pela Brahma, transmitindo jogo do Galo, não o chamavam de Grapete. Identificavam-no como guaraná, por causa da concorrência.

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