segunda-feira, 8 de abril de 2013


Dezessete anos sem Telê Santana

 
 Este 21 de abril será lembrado como o 17º ano da morte do treinador Telê Santana que, diferentemente de comandantes por aí, pautava pela orientação de jogo limpo e no ataque, em busca de gols. Ele sequer se importava com retrancas montadas por equipes adversárias. Certa ocasião, instigado a criticá-las, surpreendeu na resposta: "Se o adversário fica lá atrás, meu time tem o domínio do jogo, cria mais chances e basta ter competência para marcar e ganhar".

 Nos tempos de São Paulo, contra adversários retrancados, Telê exigia que os seus laterais chegassem ao fundo do campo e cruzassem para trás. Como não tinha cabeceador em sua equipe, trabalhou para que o meia Raí desempenhasse bem a função.

 Telê jamais prescindiu de dribladores e de um exímio cobrador de faltas. No lógico raciocínio, time que ataca e que conta com individualidades naturalmente terá faltas favoráveis nas imediações da área adversária. Aí, um exímio cobrador faz a diferença. Pois Raí também foi treinado para ser ‘o cara’.

 E quando se elogia o desenho tático do Barcelona da Espanha por prescindir do centroavante nato, tem-se que ressaltar que há duas décadas Telê já colocava o seu time em campo sem esse atacante de referência. Optava pelo meia Palhinha como homem de chegada.

 Telê jamais abandonou a ousadia de buscar o gol, mesmo que o preço de uma defesa aberta tenha custado a eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Sua equipe precisava apenas de um empate diante da Itália, mas perdeu por 3 a 2. Na década de 90 os seus conceitos foram recompensados ao sagrar-se bicampeão mundial como treinador do São Paulo.

 Depois de cinco magníficos anos na função, no Tricolor do Morumbi, teve de abandonar aquilo que era mais sagrado em sua vida: trabalhar no futebol.  Complicações cardíacas o deixaram debilitado desde 1995, com feição apagada e sensação de angústia, pois não aceitava a distância dos gramados, de gritar com seus jogadores e resmungar com juízes. Ali sentia a emoção típica do futebol.

 A esperança de driblar a doença e voltar ao trabalho havia sido descartada pelos médicos. Por isso restava-lhe distrair em atividades agropecuárias no seu sítio em Belo Horizonte, ou defronte à televisão acompanhando futebol, novelas e programas de auditório.

 Como jogador, vestiu a camisa sete do Fluminense exercendo dupla função: de posse da bola fazia jogadas de fundo de campo, mas sem ela recuava no meio-de-campo para fechar os espaços do adversário.

 No final da década de 50 aportou em Campinas e jogou no Guarani ao lado de Dimas e Osvaldo ‘ponte aérea’ (ambos falecidos), Cabrita e Eraldo, entre outros. Na ocasião justificou o apelido de ‘mão de vaca’. Morava na casa do então técnico Elba de Pádua Lima, o Tim (falecido), comia e bebia e não desembolsava um tostão sequer.

 

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