segunda-feira, 22 de abril de 2013


Dulcídio, árbitro respeitado


 Nos confrontos decisivos da Ponte Preta contra o Corinthians geralmente a mídia recorda a terceira partida da final do Campeonato Paulista de 1977, quando a arbitragem de Dulcídio Vanderley Boschilia foi contestadíssima pela expulsão do atacante Rui Rei, do time de Campinas, aos 16 minutos do 1º tempo, no Estádio do Morumbi, com a justificativa de que foi xingado pelo jogador.
 Dulcídio, que morreu no dia 14 de maio de 1998, aos 60 anos de idade, vítima de câncer, ficou marcado como árbitro de pavio curtíssimo, intolerante à violência e indisciplina, porém correto. E quem suspeitou que tivesse tirado proveito da arbitragem se equivocou. Morreu pobre.
 Constas no currículo dele ter apitado a vitória da Seleção Brasileira sobre o Equador por 1 a 0 em 1989, no Estádio José Fragelli, no Mato Grosso, em amistoso. A carreira dele foi marcada por fatos curiosos, um deles em 1983, quando interrompeu a partida entre Atlético (PR) e Campo Grande (RJ), aos 43 minutos do 1º tempo, por causa de inesperada dor de barriga. Por isso deu um pique até o vestiário e, minutos depois, já aliviado, subiu ao gramado sob aplausos dos torcedores para reiniciar o jogo.
 Dulcídio foi investigador de polícia e, nos freqüentes diálogos com os jogadores, avisava que sabia tudo da escola de malandragem, que ninguém iria ludibriá-lo. Na maleta de viagem, além do uniforme levava obrigatoriamente um revólver, e de vez em quando o usava preventivamente com disparos para o alto, para assustar cartolas atrevidos que pretendiam intimidá-lo.
 Há relatos na imprensa de São José do Rio Preto (SP) de que Dulcídio colocou gente da diretoria do América para correr no velho Estádio Mário Alves de Mendonça, do América, quando houve tentativa de invasão em seu vestiário, na década de 80.
 Naquele período, enquanto Dulcídio fazia a turma ‘dar no pé’, a maioria da ‘juizada’ afinava com intimidações de clubes mandantes no futebol paulista.
 Em 1970, Laudo Natel, governador biônico do Estado de São Paulo, imposto pela ditadura militar, acumulava cargo de presidente do São Paulo e sentava no banco de reservas nas partidas de seu time. Ele chegava de helicóptero e a sua presença era intimidatória à arbitragem. Posteriormente o São Paulo usou seguranças truculentos, que intimidaram o árbitro gaúcho Bráulio Zannoto com covarde agressão em 1981, durante jogo da semifinal do Campeonato Brasileiro, contra o Botafogo do Rio, no Estádio do Morumbi. O time carioca precisava só do empate, ganhava por 2 a 0, mas perdeu por 3 a 2 e foi eliminado.
 Seguranças, escondidos no vestiário e distantes de policiais, esmurraram e chutaram o tornozelo de Zannoto no intervalo. Assim, ele mancou visivelmente durante o 2º tempo. Um dos bandeirinhas também foi agredido e o outro, mais esperto, escapou dos covardes agressores.


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