Matheus, folclórico presidente corintiano
Evidente que o assunto nacional no futebol
continua sendo o Corinthians nesta final da Libertadores da América, e por isso
o personagem é Vicente Matheus, já falecido, que cravou seu nome no clube pela
singularidade.
Matheus presidiu o Corinthians até os anos 90 e
morreu justamente no período de Carnaval de 1997 – dia 9 de fevereiro -, quando
já havia completado 88 anos de idade.
Se recordar é viver, que tal se deliciar com
frases divertidíssimas criadas por esse folclórico dirigente. “Comigo ou sem
migo o Corinthians será campeão”, debochava a cada início de campeonato.
Matheus se fazia de trapalhão e, sem querer, prognosticou inimaginável fusão de
cervejarias extremamente concorrentes quando lascou essa: “Gostaria de
agradecer a Antarctica pelas braminhas que nos mandou”.
O estilo bonachão não passava de “fachada”. Ele
foi o empregado que deu certo e se tornou patrão. Caracterizou-se como
empresário de perspicácia e no estilo mandão.
Matheus chegou da Espanha em 1914 e seu amor
pelo “Curíntia”, como gostava de falar, era indescritível. Foi se infiltrando
na diretoria do clube até que em 1954 já era o diretor de futebol, ano do
título do IV Centenário da Cidade de São Paulo.
Em 1959 ele assumiu a presidência e ganhou
gosto pela coisa. Aquela cadeira giratória no Parque São Jorge o fascinou, o
estimulou a enfrentar adversários nas urnas até 1991.
E isso pôde ser observado nas oito vezes que
foi presidente do Timão, uma delas quebrando um jejum de quase 23 anos sem título
paulista. Essa proeza ocorreu em 1977 contra a Ponte Preta.
Matheus sabia usar a sua força política e
popularidade para manobrar. Como não poderia estatutariamente se reeleger em
1991, lançou a sua mulher Marlene Matheus à presidência e ficou como vice.
Na prática, dava continuidade ao mandato para
desespero da oposição. O ‘Curíntia’ virou uma espécie de fundo de quintal de
sua casa, e não admitia deixá-lo por nada.
Até em clima efervescente de eleição, como
aquele, debochava ao conclamar os seus eleitores para apoio à sua chapa:
“Espero que os corintianos compareçam para ‘naufragar’ nas urnas o meu nome”.
Sim, naufragar em vez de sufragar.
Naturalmente que as suas brincadeiras eram
assimiladas ‘numa boa’. Só podia ser de Vicente Matheus trocadilho do tipo
“quem entra na chuva é pra se queimar”, ou propositalmente trocar o nome do
volante ‘Biro-Biro’ para ‘Lero-Lero’.
E quando
o mercado europeu acenava com a possibilidade de tirar Sócrates do Corinthians,
Matheus dava resposta esculachada para avisar que não tinha negócio: “O
Sócrates é invendável e imprestável”.
Consta da biografia de Matheus que tirou o time
da fila de títulos no Campeonato Brasileiro em 1990. Assim, os desportistas,
indistintamente, reconhecem a contribuição dele para enriquecer o histórico do
Corinthians.
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