segunda-feira, 2 de julho de 2012

Matheus, folclórico presidente corintiano


Evidente que o assunto nacional no futebol continua sendo o Corinthians nesta final da Libertadores da América, e por isso o personagem é Vicente Matheus, já falecido, que cravou seu nome no clube pela singularidade.

Matheus presidiu o Corinthians até os anos 90 e morreu justamente no período de Carnaval de 1997 – dia 9 de fevereiro -, quando já havia completado 88 anos de idade.

Se recordar é viver, que tal se deliciar com frases divertidíssimas criadas por esse folclórico dirigente. “Comigo ou sem migo o Corinthians será campeão”, debochava a cada início de campeonato. Matheus se fazia de trapalhão e, sem querer, prognosticou inimaginável fusão de cervejarias extremamente concorrentes quando lascou essa: “Gostaria de agradecer a Antarctica pelas braminhas que nos mandou”.

O estilo bonachão não passava de “fachada”. Ele foi o empregado que deu certo e se tornou patrão. Caracterizou-se como empresário de perspicácia e no estilo mandão.

Matheus chegou da Espanha em 1914 e seu amor pelo “Curíntia”, como gostava de falar, era indescritível. Foi se infiltrando na diretoria do clube até que em 1954 já era o diretor de futebol, ano do título do IV Centenário da Cidade de São Paulo.

Em 1959 ele assumiu a presidência e ganhou gosto pela coisa. Aquela cadeira giratória no Parque São Jorge o fascinou, o estimulou a enfrentar adversários nas urnas até 1991.

E isso pôde ser observado nas oito vezes que foi presidente do Timão, uma delas quebrando um jejum de quase 23 anos sem título paulista. Essa proeza ocorreu em 1977 contra a Ponte Preta.

Matheus sabia usar a sua força política e popularidade para manobrar. Como não poderia estatutariamente se reeleger em 1991, lançou a sua mulher Marlene Matheus à presidência e ficou como vice.

Na prática, dava continuidade ao mandato para desespero da oposição. O ‘Curíntia’ virou uma espécie de fundo de quintal de sua casa, e não admitia deixá-lo por nada.

Até em clima efervescente de eleição, como aquele, debochava ao conclamar os seus eleitores para apoio à sua chapa: “Espero que os corintianos compareçam para ‘naufragar’ nas urnas o meu nome”. Sim, naufragar em vez de sufragar.

Naturalmente que as suas brincadeiras eram assimiladas ‘numa boa’. Só podia ser de Vicente Matheus trocadilho do tipo “quem entra na chuva é pra se queimar”, ou propositalmente trocar o nome do volante ‘Biro-Biro’ para ‘Lero-Lero’.

 E quando o mercado europeu acenava com a possibilidade de tirar Sócrates do Corinthians, Matheus dava resposta esculachada para avisar que não tinha negócio: “O Sócrates é invendável e imprestável”.

Consta da biografia de Matheus que tirou o time da fila de títulos no Campeonato Brasileiro em 1990. Assim, os desportistas, indistintamente, reconhecem a contribuição dele para enriquecer o histórico do Corinthians.


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