Quando você ouve que fulano vai jogar como
cabeça-de-área de determinado clube lembre-se que o precursor desta função no
futebol brasileiro foi Denílson Custódio Machado, que em março passado
completou 71 anos de idade e mora no Rio de Janeiro.
Quem inventou o cabeça-de-área foi o treinador
Élbua de Pádua Lima, o Tim, já falecido, quando comandava o time do Fluminense
em 1964, após brilhante carreira como jogador.
Tim foi um estudioso do futebol e por isso ganhou
reconhecimento como estrategistas, fazendo uso de jogo de botão para mostrar o
adequado posicionamento de seus jogadores. Ele pretendia dar mais respaldo aos
zagueiros, e por isso criou a função do jogador que dava o primeiro combate no
ponta-de-lança adversário, de forma que um dos zagueiros marcasse o
centroavante e o outro ficasse na sobra.
Denílson foi um volante com ótima estatística
de desarme, mas não teve o mesmo recurso técnico de outros meio-campistas da
época para sair de trás com bola dominada. Assim, Tim acertou em cheio ao
fixá-lo à frente dos zagueiros, liberando o também volante Joaquinzinho para
trabalhar como meia-armador.
O Fluminense da época sagrou-se campeão
carioca num time formado por Castilho; Carlos Alberto Torres, Procópio, Valdez e
Altair; Denílson e Oldair; Jorginho, Amoroso, Joaquinzinho e Gilson Nunes. Na
finalíssima diante do Bangu, o ‘Nense’ ganhou por 3 a 1, com gols de
Joaquinzinho, Jorginho e Gilson Nunes.
Denílson ganhou evidência no Fluminense, e a
partir de 1966 passou a ser relacionado à Seleção Brasileira. Seu nome constou
da pré-relação de 45 chamados pelo técnico Vicente Feola a três meses da Copa
do Mundo da Inglaterra, e resistiu à sequência de cortes de jogadores, ficando
entre os 22 inscritos à competição.
E mais: ele jogou duas das três partidas do
Brasil naquele Mundial, pois o grupo foi eliminado precocemente. Ganhou apenas
na estréia contra a Bulgária, por 2
a 0, com gols de Pelé e Garrincha, e lá estava ele num
time formado por Gilmar; Djalma Santos, Belini, Altair e Paulo Henrique;
Denílson e Lima; Garrincha, Alcindo, Pelé e Jairizinho.
Denílson ficou de fora da partida subsequente
contra a Hungria, na derrota por 3
a 1, e esteve em campo na fatídica derrota para Portugal
por igual placar.
Depois disso ainda foi convocado à Seleção
Brasileira durante mais dois anos e, posteriormente, voltou à vidinha de
Fluminense como capitão da equipe. Lá ficou até 1973, com retrospecto de 433
jogos, o equivalente ao sétimo jogador que mais atuou pelo clube.
Ao sair das Laranjeiras, foi jogar no Rio
Negro do Amazonas, onde ficou durante duas temporadas. A carreira foi encerrada
na Bahia, jogando pelo Vitória em 1975. Com os dois primeiros anos como atleta
do Madureira, antes de chegar no Fluminense, ele jogou bola profissionalmente
durante 14 anos.
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