segunda-feira, 25 de junho de 2012


Ditão, o zagueiro limpa-área do Corinthians nos anos 60    



 Já que o assunto nacional no futebol é Corinthians, o foco da coluna é Ditão (já falecido), símbolo da raça corintiana nos anos 60. Ele foi um zagueiro sem velocidade, mas usava como poucos a caixa torácica avantajada no contato físico, na tentativa de evitar o drible.
 Seu nome era Geraldo de Freitas Nascimento, que nada tinha a ver com o apelido. Nascido em 10 de março de 1938, integrava uma família de atletas. Seu irmão Gilberto de Freitas Nascimento, também apelidado de Ditão, jogou na zaga central do Flamengo. Outro ‘mano’ foi Flávio, zagueiro de poucos recursos e por isso não prosperou na carreira jogando pelo Bragantino (SP), enquanto Adílson foi o único dos irmãos a enveredar para o basquete, e fez sucesso no Corinthians e Seleção Brasileira.
 Ditão foi o típico zagueiro limpa área. Não tinha técnica para sair jogando e por isso simplificava. Era um brutamonte de tronco largo e pernas finas que ganhava a maioria das jogadas com o uso do corpo, sem que isso implicasse em violência. Também valia-se da boa estatura, posicionamento e tempo de bola.
 A carreira foi iniciada na Portuguesa em 1962, quando jogou ao lado de Félix, Jair da Costa e Servílio. A transferência ao Corinthians ocorreu em 1966, juntamente com o meia Nair, e formou dupla de zaga com Luís Carlos durante quatro anos.

 No primeiro ano de Timão, Ditão jogou com Heitor, Jair Marinho, Dino Sani, Édson Cegonha, Mané Garrincha, Nair, Flávio e Gilson Porto, entre outros.

 Em 1969, no jogo em que o Corinthians venceu o Cruzeiro por 2 a 0, Ditão foi despachar a bola que, involuntariamente, atingiu o rosto de Tostão. Houve deslocamento da retina do olho do cruzeirense, que, anos depois, teve de abandonar o futebol.
 Ditão era um jogador mudo. Só soltava o vozeirão na roda de amigos, tomando cerveja. Era mulherengo, porém tímido. Certa ocasião, um amigo o sacaneou numa bem arquitetada brincadeira, ao combinar com uma colega para que flertasse o zagueiro.

 E quando ela avançou na investida e Ditão projetou que pudesse conquistá-la, aí ela sacou um revólver e mirou na direção dele, que tremeu na base. E ele só se refez do susto quando os amigos se divertiram com gargalhadas.
 Ditão foi um dos primeiros zagueiros a se projetar à área adversária em cobranças de escanteios, a partir dos 35 minutos do segundo tempo, para tentar gols de cabeça, numa época em que raras vezes zagueiro ultrapassava o meio de campo. E, de vez em quando, decidia partidas, como em 1968, na virada do Corinthians sobre o Palmeiras por 2 a 1.
O final da bonita história de Ditão no futebol ocorreu com a chegada de Baldocchi no Corinthians em 1971. Na reserva e desanimado, deixou a bola. E em 1994, divorciado e vivendo sozinho, morreu vítima de ataque cardíaco quando estava no banheiro da casa onde morava na Vila Gustavo, em Guarulhos.

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