segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Marião, descanse em paz

Meses atrás a coluna focalizou o ex-zagueiro Mauro do Corinthians, felizmente ainda gozando de boa saúde e atento às coisas do futebol. O foco agora é Marião, zagueiro que atuou em grandes clubes como São Paulo, Inter (RS) e Sport Recife, falecido neste 24 de agosto, aos 59 anos de idade, em decorrência de problemas cardíacos.

O que ambos tiveram em comum nos tempos de jogador? Foram zagueiros ‘cintura dura’, tiveram fama de grossos e acabaram sortudos por atuarem ao lado de craques. Mas se não dá pra falar bem deles na bola, as qualidades como pessoas são inquestionáveis.

Mauro ainda foi titular na maioria dos nove anos de Corinthians com o seu estilo ‘feijão com arroz’, xerifão e virtudes no jogo aéreo. O mesmo não se pode dizer de Marião, que atuou apenas 50 vezes no período de 1978 a 1980 em que esteve vinculado ao São Paulo.

Marião tinha dificuldade até para sair do chão por causa do peso. Só até o início dos anos 80 admitia-se zagueiros literalmente gordos jogando futebol profissionalmente.

Na época os clubes não dispunham de tecnologia sofisticada para dimensionar a capacidade física dos atletas e os métodos adotados pelos profissionais da época careciam de cunho científico.

Jornalistas gentis definiam Marião como zagueiro forte, de ótimo vigor físico. Mas não tinham como esconder a lentidão do jogador, que de certo rezava para não enfrentar o rápido atacante Juari, do Santos. Numa das raras vezes que levou a melhor naquele duelo o seu São Paulo venceu por 2 a 1, com gols de Serginho Chulapa e Getúlio para o Tricolor e Claudinho para o Peixe. A partida foi válida pelo terceiro turno do Campeonato Paulista de 1979, com 73.803 pagantes no Estádio do Morumbi.

Naquele time do São Paulo, na ocasião sem o quarto-zagueiro titular Bezerra, jogaram Valdir Peres; Getúlio, Marião, Tecão e Antenor (Estevam); Chicão, Teodoro e Dario Pereyra; Edu Bala, Serginho (Viana) e Zé Sérgio, comandados pelo técnico Rubens Minelli.

Marião sabia usar bem a avantajada caixa torácica sobre o adversário, numa época em que a arbitragem interpretava esse estilo como jogo de corpo e jogada normal. Ele se deu melhor no Sport Recife a partir de 1980. Nos dois anos subseqüentes foi campeão pernambucano e dizem que teve atuação regularíssima na vitória sobre o Náutico por 2 a 0 em 1981, na primeira comemoração no Nordeste.

Ainda em Pernambuco passou pelo Náutico e continuou a trajetória no Operário de Campo Grande e equipes de menor expressão, encerrando a carreira no São José (SP), onde tudo começou no futebol, nos tempos em que era magrinho.

Marião, ou Mário Gomes Amado - o nome verdadeiro -, chegou a ser treinador no São José quando já havia fixado residência no Vale do Paraíba.

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