segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Doutor preocupa doutor

Quando foi internado no dia 18 de agosto passado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Albert Einstein em São Paulo, o ex-jogador Sócrates deixou a coletividade desportista preocupada com a divulgação de que o seu estado de saúde era grave.

Os boletins médicos diagnosticavam hemorragia digestiva resultado de hipertensão, mas o quadro foi controlado com procedimento cirúrgico.

Quem atingiu a faixa etária de 25 anos de idade tem conhecimento da história de Sócrates por ouvir dizer, porque ele parou de jogar profissionalmente há mais de 20 anos.

Sócrates foi um universitário de Ribeirão Preto (SP) que se dedicava demais ao curso de Medicina. Apesar do pouco tempo para treinos, jogava muita bola no Botafogo. Exibia requintados toques de calcanhar e descobria atalhos no gramado para ludibriar marcadores.

Quando marcado de forma implacável variava a postura tática. Às vezes buscava a bola em sua defesa e ditava o ritmo de jogo. Era capaz de lançamentos de 40m, e com isso colocava companheiros na cara do gol.

Outro comportamento que dificultava a marcação adversária era a transformação em autêntico centroavante. Ficava a espera de bolas alçadas à área para colocar em prática a virtude de cabeceador, aproveitando a estatura beirando 1,90m de altura.

Assim foi Sócrates no começo de carreira em Ribeirão Preto, e o estilo foi aperfeiçoado no Corinthians, onde ganhou títulos.

Ele odiou o frio europeu quando se transferiu para a Fiorentina da Itália em 1984. Um ano depois foi anunciado como inesperado reforço da Ponte Preta, bancado pelo projeto Luque - empresa de marketing esportivo - mas recuou ao perceber que as regalias combinadas verbalmente não constavam no contrato.

Preferiu prosseguir a carreira no Flamengo e posteriormente no Santos, onde sucumbiu. O fim da trajetória foi em 1989 no Botafogo (SP).

O Sócrates de rosto desfigurado por espinhas e cravos, criador da democracia corintiana, avesso à concentração, que ousava tomar cerveja com cartola em véspera de jogo, e dava péssimo exemplo como fumante acabou cedo para a bola. Incontinenti passou a ser clínico geral em hospitais de Ribeirão Preto.

Em 1997 voltou ao futebol para treinar os juniores do Flamengo e de lá se transferiu ao Cabofriense (RJ) como coordenador técnico e treinador, sem sucesso.

Assim, o jeito foi assumir a administração de seus negócios em Ribeirão Preto. Geralmente nos finais de tarde se reunia com amigos em choperias para falar mal de políticos e jogar conversa fora.

No retorno a São Paulo voltou a clinicar e comentar futebol na TV Cultura. A barba rala e falha não mudou, mas há tempo não justifica o apelido de ‘Magrão’ pela barriga de cerveja.

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