segunda-feira, 9 de maio de 2011

Luizinho, o driblador

Se você é zagueiro, diga o que faria se um atacante adversário aplicasse dribles consecutivos, colocasse a bola entre as suas pernas - a chamada caneta - e, por fim, no maior estilo provocador, sentasse literalmente na bola?

Saiba que Luizinho, o ‘Pequeno Polegar’, levou a torcida corintiana ao delírio quando humilhou o zagueiro argentino Luis Villa, do Palmeiras, há 59 anos, exatamente numa jogada como a descrita. Saiba que em outras dezenas de vezes arrancou aplausos dos torcedores pela identificação com o drible e assumia o rótulo de arrogante. "Não sou atleta para jogar para público inferior a 30 mil torcedores".

Foi Luizinho o autor do gol do título corintiano do 4º centenário da cidade de São Paulo, em 1954, no empate em 1 a 1 com o Palmeiras, na penúltima rodada do Campeonato Paulista, que se arrastou até o mês de fevereiro de 1955.

Na época, a cidade de São Paulo tinha 2,5 milhões de habitantes e os bondes corriam sobre trilhos. O Timão precisava do empate e, ao consegui-lo, sua torcida entoou o coro "Corinthians, campeão dos campeões", obra de Osny Silva. O time, comandado pelo técnico Oswaldo Brandão – já falecido -, era formado por Gilmar (Cabeção), Homero e Olavo; Roberto, Idário e Goiano; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Simão.

A identificação de Luizinho com o Corinthians vinha da adolescência quando jogava no Maria Zélia, time da várzea paulistana, e freqüentava o Estádio Parque São Jorge para se espelhar nos atacantes Teleco e Servílio. Teleco marcou 243 gols em 234 partidas.

O apelido de ‘Pequeno Polegar’ é decorrente da estatura de 1,67m de altura. Com 55 quilos, rápido e ágil, evitava choques com zagueiros gandalhões. E assim deu seqüência à carreira até 21 de setembro de 1967, na vitória por 4 a 0 sobre o Bragantino (SP).

E quando pendurou as chuteiras não se separou do futebol. Continuou ligado ao Corinthians como funcionário, e por três vezes foi chamado para desempenhar as funções de técnico tampão da equipe. "O Corinthians me deu tudo e eu dei minha vida pelo clube".

Luizinho foi um baixinho encardido. Em 1957, num jogo amistoso com o São Paulo, discutiu asperamente com o atacante Gino, do Tricolor, ofendeu a mãe dele, e o revide foi sintomático.

Aparentemente, o bate-boca parecia restrito ao gramado, mas bastou se encontrarem casualmente na residência do jogador Alfredo - amigo comum de ambos - para, surpreendentemente, Luizinho atirar um tijolo na cabeça de Gino. O corte foi profundo, esguichou bastante sangue, e o fato ganhou manchete de jornais. Aí, o apresentador de televisão Manoel da Nóbrega, que tinha um programa com propósito de reconciliar desafetos, os recolocou frente a frente diante das câmeras, e eles se abraçaram como velhos amigos.

Luiz Trochillo nasceu no dia 3 de março de 1930 e morreu em 1998.




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