segunda-feira, 30 de maio de 2011

Abel Braga, vitória da persistência


O técnico Abel Carlos da Silva Braga desliga-se do Al-Jazira dos Emirados Unidos no dia 8 de junho, quando acaba o seu vínculo. O desafio, a partir daí, será resgatar o bom futebol do Fluminense. E mais uma vez será persistente. Foi assim que atingiu sucesso quer como jogador, quer como treinador.

Abelão, como é identificado no futebol, vai completar 59 anos de idade no dia primeiro de setembro, sendo 43 deles vividos no mundo da bola. Se desse ouvido a conselheiros corneteiros das Laranjeiras - estádio do Fluminense - sequer teria continuado no time juvenil, porque era chamado de "grosso". Enxergavam nele apenas virtudes no jogo aéreo.

Na auto-avaliação, Abel reconhecia que precisava melhorar a cobertura, antecipação e desarme. Assim, com determinação, teve a recompensa ao ser fixado no time principal do Fluminense até 1976, quando se transferiu ao Vasco.

Em São Januário, Abelão sabia do histórico do clube em montar times com zagueiros de destaque, casos de Orlando Peçanha, Belini, Brito, Miguel e Moisés. A rigor, o Vasco teve anos dourados na década de 70. Em 1974, treinado por Mário Travaglini, foi o primeiro carioca a sagrar-se campeão brasileiro, num time que tinha Andrada; Fidélis, Miguel, Moisés e Alfinete; Alcir; Zanata e Ademir; Jorginho Carvoeiro, Roberto Dinamite e Luís Carlos. Na vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, Jorge Carvoeiro marcou o gol do título, e morreu anos depois.

Abel foi um dos responsáveis pela inigualável performance da defesa do Vasco. Em 1977, por exemplo, o time sofreu só cinco gols em 28 jogos. Consta nos acervos do clube súmulas com a seqüência de 17 partidas sem sofrer um gol sequer.

Cláudio Coutinho (já falecido), então treinador da Seleção Brasileira, admirava o futebol de Abel e o levou à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, como reserva de Oscar. Houve quem alegasse que Abel era o típico zagueiro "limpa trilho", que só havia sido chamado porque jogava no Rio de Janeiro. Lembraram que apesar da escassez de bons zagueiros no futebol brasileiro, Osmar Guarnelli, no Atlético Mineiro, reunia mais condições.

Um ano após aquela Copa, Abel foi jogar no Paris Saint-Germain, da França. Nos três últimos anos de carreira o zagueiro atuou no futebol carioca. Em 1983/84 esteve no Botafogo. E em 1985 no Goytacaz.

Abel foi um jogador falante e liderança nata. Logo, transferiu essas virtudes à função de treinador. Consta em seu enriquecido currículo passagem pelo Olympique de Marselha, da França.

Nas últimas passagens pelo futebol do Rio de Janeiro ele colecionou título da Taça Guanabara e Campeonato Carioca pelo Flamengo, em 2004. Foi campeão regional pelo Fluminense em 2005. O ápice da carreira ocorreu em 2006 no Internacional (RS), culminando com conquistas da Libertadores da América e do Mundial de Clubes.



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