segunda-feira, 1 de junho de 2009

Procópio, ídolo em Minas

Por Élcio Paiola, interino

Há decisões e decisões de campeonatos. E uma decisão inesquecível foi a do Campeonato Brasileiro de 1980 entre Atlético Mineiro e Flamengo, com o título comemorado pelo time carioca. No primeiro jogo da final, no Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, dia 28 de maio, mais de 90 mil pessoas pagaram ingressos, e o Galo venceu por 1 a 0, gol do atacante Reinaldo. A arbitragem foi do paulista Romualdo Arppi Filho.
O Estádio Mário Filho, o Maracanã, foi palco do segundo do confronto, com 154.355 pagantes, no dia primeiro de junho. Com arbitragem contestadíssima de José Assis Aragão, que expulsou os atleticanos Reinaldo, Palhinha e Chicão; e o Flamengo venceu por 3 a 2.
O Flamengo marcou primeiro através do atacante Nunes, aos 7 minutos do 1º tempo, mas o talentoso Reinaldo empatou um minutos depois. O meia Zico colocou o Flamengo em vantagem aos 44 minutos, todavia Reinaldo voltou a empatar para o Galo aos 22 minutos do 2º tempo, silenciando os rubro-negros que gritavam “bichado, bichado”.
O Flamengo decidiu o jogo aos 37 minutos do 2º tempo, novamente através de Nunes. O time do técnico Cláudio Coutinho - já falecido -, jogou com Raul; Toninho, Manguito, Marinho e Júnior; Andrade, Carppegiani (Adílio) e Zico; Tita, Nunes e Júlio César.
O técnico do Galo era Procópio Cardoso Neto, personagem em foco da coluna, que escalou seu time com João Leite; Orlando (Silvestre), Osmar Guarnelli, Luizinho (Geraldo) e Jorge Velença; Chicão, Toninho Cerezo e Palhinha; Pedrinho, Reinaldo e Éder.
Procópio Cardoso entrou para a história do futebol mineiro por ter jogado e treinado as duas principais equipes de Belo Horizonte. Como treinador, comandou o Atlético (MG) em 328 jogos, superado por Telê Santana - já falecido – que dirigiu o time 434 vezes.
Natural de Salinas (MG), nascido no dia 21 de março de 1939, Procópio foi contratado pelo Cruzeiro em 1959 para atuar na quarta zaga. Em 1961 foi jogar no São Paulo, passou por Fluminense, Atlético (MG), Palmeiras, e depois voltou ao Cruzeiro, onde é considerado o melhor zagueiro da história do clube.
E vejam que pelo Cruzeiro passaram bons zagueiros. O argentino Roberto Perfumo, por exemplo, mesclava talento e raça. Esteve na Toca da Raposa de 1971 a 1974, participou de 138 partidas e marcou seis gols. Fontana - já falecido - foi outro zagueiro que caiu no gosto dos cruzeirenses, mas ninguém foi tão aplaudido quanto Procópio, que só não abandonou o futebol em 1968 porque era obstinado. Na Taça de Prata daquele período foi atingido por Pelé, num jogo Cruzeiro e Santos, e rompeu o tendão do joelho exatamente quando atravessava a melhor fase da carreira, e esperava convocação à Seleção Brasileira.
Posteriormente Procópio lembrou que seu companheiro Pedro Paulo, lateral do Cruzeiro, dedo em riste, partiu pra cima do “rei” prometendo vingança. E, para prevenir o inevitável, o juiz (não revelou o nome) decidiu expulsá-lo.
Maldade de Pelé ou não, o certo é que o então zagueiro cruzeirense teve de esperar cinco anos para jogar futebol. Durante esse período se ocupou como supervisor da categoria juvenil e depois voltou aos campos plenamente recuperado.
Procópio uniu raça e sabedoria para atuar na zaga e por isso disputou dez jogos pela Seleção Brasileira, de 1963 a 1968, com retrospecto de cinco vitórias, dois empates e três derrotas. Foi tido como um dos técnicos imbatíveis na orientação aos defensores. Foi ele, também, que descobriu o quarto-zagueiro Luizinho, do Atlético (MG)

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