segunda-feira, 8 de junho de 2009

Levir Culpi, técnico falante

Por Élcio Paiola (interino)

Levir Culpi é o típico treinador que não tem papas na língua e fala aquilo que pensa sem medir conseqüências. Desconsiderando a boa fase do então atacante Romário, as vésperas da Copa do Mundo de 2002, também posicionou-se contrário a convocação do jogador no selecionado brasileiro, com alegação que estava “velho” para a Seleção.
Com a repercussão negativa, Levir procurou se expressar melhor: “Ninguém discorda que o Romário é um ótimo jogador. O que me refiro é uma questão de produtividade. Não tem produzido o suficiente para disputar uma Copa”, disse na época.
E vejam que Levir Culpi esteve cotado para assumir a Seleção Brasileira em 2000, quando o técnico Luiz Felipe Scolari havia rejeitado o primeiro convite da CBF (Conferação Brasileira de Futebol) para comandar o grupo, aceitando-o posteriormente.
Levir, paranaense nascido em fevereiro de 1953, foi zagueiro de Coritiba, Colorado (PR), Santa Cruz (PE) e Botafogo (RJ) nos anos 70 e 80. E avisa: “Fui um bom zagueiro. Tinha técnica”.
Se como boleiro quase não se destacou - exceto na passagem pela Seleção Brasileira sub18 em 1972 na França, no Torneio de Cannes, como treinador o histórico é de trajetória ascendente a partir do Juventude (RS) em 1987. E ganhou fama de técnico pé quente para acesso de clubes ao grupo de elite do Campeonato Brasileiro. Foi assim na Inter de Limeira (SP) em 1988, Botafogo (RJ) em 2003, e Atlético (MG) em 2006. No Japão também foi o principal responsável pelo acesso do Cerezo Osaka à principal divisão de futebol daquele país. A rigor, por ora tem vínculo com o Osaka e ganhou experiência no futebol asiático na passagem pelo Ettifaq da Arábia Saudita.
Levir também teve percalços consideráveis, um deles na passagem pelo Palmeiras em 2002. Assumiu o comando técnico do clube em situação delicada, mas considerou que jogadores do nível do goleiro Marcos, Arce, Nenê e Dodô fossem preponderantes para que a equipe reagisse.
Erro de previsão. O Palmeiras caiu para a segunda divisão e Levir, em 18 jogos, ficou com o retrospecto de cinco vitórias, seis empates e sete derrotas. Seus antecessores foram Vanderlei Luxemburgo, Paulo Cesar Gusmão, Flávio Teixeira - o Murtosa -, e Karmino Colombini.
Claro que Levir não se abalou com o fracasso no Palmeiras. Já havia mostrado sua competência no futebol paulista com o título estadual em 2000, no São Paulo, quando recebia salário de R$ 160 mil, metade do valor oferecido pela CBF para que Felipão assumisse o comando da Seleção Brasileira.
Levir também conquistou títulos regionais em Pernambuco, Santa Catarina, Paraná, e principalmente em Minas Gerais. Até hoje é lembrado pela torcida cruzeirense pelos títulos estaduais de 1996 e 98, Copa do Brasil de 96 e Recopa Sul-Americana de 98. E um dos segredos do sucesso foi a exigência para que seus comandados se aplicassem no fundamento “passe”, que julga ser fundamental no futebol.
Organizado, Levir criou o próprio site. Lá revela todas as conquistas desde os tempos de jogador. Em decorrência da penetração em todo planeta, o internauta pode acessar páginas redigidas em inglês e espanhol.
Nas horas de folga Levir diverte-se em pescarias, seu passatempo ideal. Em casa, gosta de ouvir músicas brasileiras em volume exagerado. Claro que esse comportamento irrita a esposa que reduz o volume, mas ele volta a aumentá-lo.
Levir adora a culinária. É dono de dois restaurantes especializados de comida mineira e projeta um terceiro só com pratos japoneses, em Curitiba (PR).

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