sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cristóvão, boleiro de sorte

Por Élcio Paiola (interino)



Seleção Brasileira de futebol deveria ser referência para escolha dos melhores jogadores nascidos no país, quer atuando aqui, quer no exterior. Deveria, mas na prática nem sempre acontece. Exemplos estão aí e em competições mundiais.

Em 1998, na Copa do Mundo da França, o lateral-direito Cafu ficou de fora do jogo contra a Holanda, na semifinal, e a maioria se assustou com a escalação de Zé Carlos para substitui-lo. O volante Doriva - ex-São Paulo - também foi reserva naquela Copa. E, em competições como a Copa América, incontáveis jogadores foram relacionados para integrar a Seleção Brasileira, sem que fossem os melhores.

Um exemplo claro foi o meio-campista Cristóvão, que pode se gabar de ter sido campeão da Copa América de 1989, no Brasil. Como era opção de banco, claro que não saiu na foto daquele time formado por Taffarel; Mauro Galvão, Aldair e Ricardo Gomes; Mazinho, Dunga, Silas (Alemão), Valdo e Branco; Bebeto e Romário. Essa leva venceu o Uruguai por 1 a 0 na final, diante de um público de 132.743 pagantes, no Estádio do Maracanã.

O Brasil foi mal na primeira fase. Ganhou da Venezuela por 3 a 1 na estréia, mas na sequência empatou sem gols com Peru e Colômbia. Como os jogos foram realizados no Estádio da Fonte Nova, em Salvador (BA), o torcedor baiano vaiou bastante o time porque o técnico Sebastião Lazaroni não escalava o centroavante Charles e sequer havia relacionado o meia Bobô, que atravessava a melhor fase na carreira. Ambos jogavam no Bahia.

Depois, já em Recife e com público de 76.800 pagantes, o Brasil iniciou arrancada ao título com a vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai. A competição foi disputada em Goiânia, Salvador, Recife e Rio de Janeiro.

O passe de Cristóvão ficou valorizado após a competição e o Guarani, que montava um time de medalhões, foi buscá-lo no Grêmio. Mas, por ironia do destino, uma equipe que tinha jogadores do nível do goleiro João Leite, Washington (que fez dupla com Assis no Atlético-PR), Pita e Cristóvão foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro após ter sido goleado por 4 a 1 pelo Atlético (PR), no Paraná. O meio-campista ainda disputou o Campeonato Paulista de 1990 pelo Guarani, com histórico de quatro gols: dois de pênaltis, um de falta e outro de bola rolando.

Detalhe curioso é que na chegada a Campinas, com fome, Cristóvão procurou uma casa de lanche e fez questão de pedir nota fiscal para ser ressarcido pelo Guarani. Em campo, jamais passou de jogador razoável. Quem esperava dele um meio-campista combativo no desarme se equivocou. Também seria exagero rotulá-lo de jogador criativo. Trocado em miúdos, ajudava a cercar os espaços do adversário no meio-de-campo e tinha um índice aceitável nos passes de curta e média distância. Convenhamos: pouco para chegar à Seleção Brasileira principal, de juniores, sub-23 e apresentar uma biografia de atleta de grandes clubes.

Cristóvão Borges dos Santos, que nasceu em Salvador, completou 50 anos de idade neste 9 de junho. Ele iniciou sua trajetória no futebol nas categorias de base do Bahia, transferindo-se, em seguida, para o Fluminense (RJ). Jogou no Operário (MS), Atlético (PR), Corinthians, Grêmio (RS), Guarani e Portuguesa até 1992. Depois disso passou por equipes de menor expressão.

A experiência como auxiliar técnico foi possível devido à amizade com o treinador Ricardo Gomes, desde os tempos de Fluminense. Ambos trabalharam juntos no Juventude, Guarani e Vitória (BA). No Juventude, Cristóvão teve a chance de assumir o posto de Ricardo Gomes, porém sem sucesso.

Nenhum comentário: