sábado, 5 de março de 2022

Adeus ao ponteiro-direito Flecha

A morte do então ponteiro-direito Flecha, com passagens - entre outros clubes - por Grêmio, Coritiba, América (RJ) e Guarani, no último 23 de fevereiro, em Viamão (RS), nos remete a múltiplas interpretações da diferença do período em que ele atuou - décadas de 60 e 70 - para a atualidade, quando empresários de futebol e dirigentes de clubes evitam a identificação do garoto da base através de apelido e sugerem que seja chamado pelo nome próprio.

Por que Fecha? Pela rapidez na chegada ao fundo de campo e precisos cruzamentos para consagrar centroavantes. Isso foi visto inicialmente no Avenida e Flamengo - ambos do Rio Grande do Sul - fato que despertou interesse do Grêmio, onde brilhou de 1968 a 1972, com histórico de 354 jogos e 69 gols, alguns históricos como em Gre-Nal da Copa de Porto Alegre no Estádio Beira-Rio, e no primeiro jogo do Brasileirão, diante do São Paulo, competição que sucedeu o Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

Século passado, com prevalecimento da lei do passe em favorecimento aos clubes, aqueles de porte médio por vezes se ombreavam aos grandes e até forneciam jogadores à Seleção Brasileira. E isso ocorreu com Flecha ao sair do América carioca para jogar no Guarani, em 1976.

Na prática, no Guarani e muito menos no selecionado repetiu o futebol precedido anteriormente. Com a camisa 'amarelinha' ficou no jejum de gols em sete atuações. A rigor, a convocação dele foi discutível, pois atravessa período de oscilação na carreira desde o Coritiba, América (RJ) e Guarani, o que persistiu no prolongamento em Juventude (RS), Figueirense (SC) até o último estágio no Brasil de Pelotas (RS), no biênio 1979/80.

Bons tempos aqueles em que ponteiros-direitos usavam o lado específico do campo justamente para chegada ao fundo, visando cruzamentos para trás, na expectativa de aproveitamento do atleta que chegasse para cabeceio. Portanto, nada a ver com a modernidade em que o canhoto joga pela direita para fazer a diagonal e, no frigir dos ovos, embola tudo e facilita adversários predispostos apenas à marcação.

Fecha, registrado em Porto Alegre (RS) como Gilberto Alves de Souza, foi alvo de registo de fato curioso após jogo noturno do Guarani, quando ousou mergulho em piscina do parque aquático do Estádio Brinco de Ouro. Como nasceu no dia 31 de dezembro de 1946, tinha 75 anos de idade.

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