Quem vê o centroavante Gustavo, o ‘Gustagol’
do Corinthians, mostrar incrível impulsão no salto, girar a cabeça no ar para
calcular a direção do cabeceio, e geralmente acertar a testada fora do alcance
do goleiro adversário, deve saber que no passado incontáveis jogadores da
posição tinham a mesma postura.
Nos anos 60 e 70 o Vasco contava com o espigado
centroavante Walfrido, de idêntica característica para cabeceio. A impulsão
dele acima da média resultou no apelido de ‘espanador da lua’, com consequentes
gols de cabeça.
No Vasco a partir de 1968, após passagem perlo
Sport Recife, ele entrou para a história como autor de gols espíritas e perdas
de outros inacreditáveis. Apesar disso, participou do time vascaíno que em 1970
quebrou jejum títulos do Campeonato Carioca após 12 anos, quando a equipe
contava com essa formação: Andrada: Fidélis, Moacir, Renê e Batista; Alcir e
Buglê; Jaílson, Walfrido, Silva Batuta e Gílson Nunes. O treinador era Élbua de
Pádua Lima, o Tim.
Daquela conquista, Walfrido destacou a forma
exuberante do ponta-de-lança Silva Batuta. “Ele se movimentava. Abria espaços quando recuava para armar as
jogadas, e penetrava para conclui-las”. Todavia também comentou a desconfiança provocada
pelo zagueiro Renê. "Ele era imprevisível, capaz de fazer tanto jogadas
excelentes como gols contra bisonhos”.
Décadas passadas, o Vasco escreveu histórias
de centroavantes goleadores. Precederam Walfrido três nordestinos: inicialmente
Ademir de Menezes, Vavá e Almir Pernambuquinho, todos nos anos 50. Depois de
Walfrido, o Vasco contou com goleadores como Roberto Dinamite, Romário e
Edmundo.
A convite do saudoso presidente vascaíno
Eurico Miranda, Walfrido chegou a trabalhar em escolinhas do clube, e
posteriormente transferido à função de auxiliar de treinador dos juniores. Ao se
desligar do clube, seguiu morando no bairro do Estácio, no centro do Rio de
Janeiro.
Em visitas ao Estádio São Januário, para
receber homenagem do clube, Walfrido se emocionou ao receber camisa
personalizada, e não se desgrudou da faixa de campeão de 70, levada pela esposa
Solange. Ele fez questão de pisar na grande área do gramado, local preferido
nos seus tempos. Também percorreu dependências como sala de troféus e
arquibancada.
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