domingo, 28 de abril de 2019

Adeus a Krüger, o melhor da história do Coritiba


 Se no passado constatava-se incontáveis exemplos de atletas em que o amor à camisa de seu clube sobrepunha ao dinheiro, a transformação do futebol em negócio absoluto encorajou o empresário do ramo Leo Rabello a revelar a realidade: ‘Jogador vê dinheiro. Amor ao clube não existe. Quem balança a camisa quando faz gol, beija escudo, é hipócrita’.

 Pois o paranaense Dirceu Krüger, da era do futebol romântico, sequer dava bola ao assédio de clubes do eixo Rio-São Paulo que pretendiam tirá-lo do Coritiba. Convicto, o meia-atacante não precisava de outras praças para praticar futebol vistoso. Era organizador de jogadas, arrancava com a bola em velocidade, e caracteriza-se como garçom de centroavantes.

 Krüger morreu neste 25 de abril aos 74 anos de idade, mais de 50 deles vinculado ao Coritiba como atleta, treinador, supervisor e uma espécie de faz de tudo. Por ter sido considerado o melhor jogador do clube de todos os tempos, foi homenageado com estátua colocada na entrada do Estádio Couto Pereira, em fevereiro de 2016.

 Quando foi anunciada a causa morte dele, decorrente de complicações pós-cirurgia de obstrução intestinal, torcedores do ‘coxa’ da velha guarda recordaram 1970, quando acidentalmente o goleiro Leonardo, do Água Verde, acertou-lhe violenta joelhada na região estomacal, que perfurou-lhe alças intestinais e provocou internação de 70 dias.

 Quando voltou a jogar, Krüger recorreu a uma cinta específica colocada naquela região. Naturalmente não contava com fraturas na perna e clavícula, que irremediavelmente abreviaram-lhe a carreira de atleta aos 31 anos de idade em 1976, em tempo de ter atuado em companhia dos infernais atacantes Paquito e Tião Abatiá - este com falecimento em 2016.

 Do histórico de 252 partidas de Krüger pelo Coritiba são contabilizados 58 gols. Nas entrevistas ele sempre lembrava do gol do título estadual sobre o Atlético Paranaense em 1968, mas dava ênfase ao gol mais bonito da carreira, na goleada do Coritiba sobre o selecionado da Argélia por 4 a 1, em Argel, em 1970. Eis o time coritibano: Célio; Nilo, Piloto, Oberdan e Cláudio; Lucas e Bidon; Peixinho, Leocádio, Krüger e Rinaldo, aquele ex-ponteiro-esquerdo do Palmeiras. 

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