Irreverência, dentro e fora de campo, foi
marca registrada de Sidney José Tobias, um piracicabano que fez parte da
história dos ‘Menudos do Morumbi’ nos anos 80, com a camisa do São Paulo,
atuando como ponteiro-esquerdo. Na relva foi um tormento para laterais-direitos
adversários com dribles estonteantes, velocidade e precisos cruzamentos, que
fizeram dele garçom de artilheiros nos primeiros três anos de clube.
Fora dele a confissão de atleta rebelde que se
caracterizava na bem-humorada brincadeira para justificar modificação de
fisionomia: “Acho que perdi os cabelos de tantas broncas que levei do Cilinho
(ex-treinador)”, nos tempos de São Paulo.
Explica-se: recém profissionalizado à época, mirou-se
no cabelo de trancinhas estilo afro, adotado pelo cantor Gilberto Gil, e o
copiou. Daí o apelido de Sidney Trancinha. Também usava roupas coloridas,
extravagantes, e fazia-se de surdo quando repreendido por membros da comissão
técnica e dirigentes por ‘pilotar’ moto, cultivar a vida de boêmio, e se
revelar quando substituído ou perdia condição de titular. “Se o jogo fosse no
domingo, na sexta-feira o treinador Pepe já pedia para que eu maneirasse”.
Sidney Trancinha foi partícipe do inesquecível
time são-paulino vocacionado ao ataque, com Muller, Silas, Careca e ele,
coadjuvados pelos meio-campistas Márcio Araújo e Pita, com seguidos avanços dos
laterais Zé Teodoro e Nelsinho. Isso era possível devido à pontuais coberturas
dos zagueiros Oscar e Dario Pereyra, no título paulista de 1985, e algumas
adaptações no ano seguinte, na conquista do Brasileirão.
Em seguida, com a contratação do
ponteiro-esquerdo Edivaldo, do Galo mineiro, Sidney esbravejou com a reserva no
time são-paulino. E, ao se transferiu por empréstimo ao Flamengo, criticou o seu
ex-clube de ‘supercareta’, e prometeu não mais ser rotulado de ‘criador de
casos’.
Na prática, inconformado com a reserva no
rubro-negro, teve duas novas chances de se redimir no Marítimo (POR) e Santos,
mas não as aproveitou. Aí a trajetória foi em equipes de menor conceito
técnico, até encerrar a carreira no Paraguaçuense em 1996.
Hoje, aos 54 anos de idade, lamenta ter
perdido espaço até na Seleção Brasileira por insubordinação, e torce pelo
sucesso no futebol do filho Vinícius Kiss, meia do São Caetano.
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