segunda-feira, 4 de março de 2019

Sidney Trancinha, irreverência minou o seu futebol


 Irreverência, dentro e fora de campo, foi marca registrada de Sidney José Tobias, um piracicabano que fez parte da história dos ‘Menudos do Morumbi’ nos anos 80, com a camisa do São Paulo, atuando como ponteiro-esquerdo. Na relva foi um tormento para laterais-direitos adversários com dribles estonteantes, velocidade e precisos cruzamentos, que fizeram dele garçom de artilheiros nos primeiros três anos de clube.

 Fora dele a confissão de atleta rebelde que se caracterizava na bem-humorada brincadeira para justificar modificação de fisionomia: “Acho que perdi os cabelos de tantas broncas que levei do Cilinho (ex-treinador)”, nos tempos de São Paulo.

 Explica-se: recém profissionalizado à época, mirou-se no cabelo de trancinhas estilo afro, adotado pelo cantor Gilberto Gil, e o copiou. Daí o apelido de Sidney Trancinha. Também usava roupas coloridas, extravagantes, e fazia-se de surdo quando repreendido por membros da comissão técnica e dirigentes por ‘pilotar’ moto, cultivar a vida de boêmio, e se revelar quando substituído ou perdia condição de titular. “Se o jogo fosse no domingo, na sexta-feira o treinador Pepe já pedia para que eu maneirasse”.

 Sidney Trancinha foi partícipe do inesquecível time são-paulino vocacionado ao ataque, com Muller, Silas, Careca e ele, coadjuvados pelos meio-campistas Márcio Araújo e Pita, com seguidos avanços dos laterais Zé Teodoro e Nelsinho. Isso era possível devido à pontuais coberturas dos zagueiros Oscar e Dario Pereyra, no título paulista de 1985, e algumas adaptações no ano seguinte, na conquista do Brasileirão.

 Em seguida, com a contratação do ponteiro-esquerdo Edivaldo, do Galo mineiro, Sidney esbravejou com a reserva no time são-paulino. E, ao se transferiu por empréstimo ao Flamengo, criticou o seu ex-clube de ‘supercareta’, e prometeu não mais ser rotulado de ‘criador de casos’.

 Na prática, inconformado com a reserva no rubro-negro, teve duas novas chances de se redimir no Marítimo (POR) e Santos, mas não as aproveitou. Aí a trajetória foi em equipes de menor conceito técnico, até encerrar a carreira no Paraguaçuense em 1996.

 Hoje, aos 54 anos de idade, lamenta ter perdido espaço até na Seleção Brasileira por insubordinação, e torce pelo sucesso no futebol do filho Vinícius Kiss, meia do São Caetano.

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