Quem se dispuser a fazer narrativa sobre o
volante Amaral, que fez sucesso no Palmeiras, Corinthians, Vasco, Grêmio,
Atlético Mineiro e Seleção Brasileira, obrigatoriamente tem que priorizar o
estilo bonachão dele fora de campo. São incontáveis histórias que passam pela culinária
da Indonésia, quando, desinformado, confessa ter degustado carne de rato em vez
de filé de frango.
Naquele país asiático Amaral jogou no Monado
United e Persevaya, passou pela Turquia, enquanto no Japão, durante amistoso do Palmeiras, ficou perplexo com reação de massagista adversário que jogou
água em seu olho caído, em vez socorrê-lo de pancada recebida no tornozelo.
Semianalfabeto confesso, Amaral não se constrange
com as derrapadas. No auge da carreira em 1995, na passagem pela Seleção
Brasileira, em jogo na África do Sul, perguntaram-lhe sobre o
regime apartheid, e a resposta entrou para os anais do futebol: “Se for jogador
perigoso, vou fazer marcação individual sobre ele”.
Por onde passou Amaral deu ‘bola fora’, e se
diverte das trapalhadas. Ao ingressar na base do Palmeiras em 1992, foi
solicitado que colocasse seu nome em tubos com coletas de urina e fezes, dos
exames obrigatórios. “Aí eu escrevi xixi e cocô”.
Todavia, ainda no Palmeiras, foi ‘zoado’ pelos
companheiros quando, após jogo em Recife, os convidou para diversão no ‘Forró
do Gerson’. Amaral confundiu alhos com bulhados, pois a fila vista no local
indicado referia-se à loja de forro e gesso.
No gramado, Amaral foi um marcador implacável,
mas sempre será lembrado pelo drible elástico que o ex-atacante Romário lhe
aplicou, com desfecho do lance em gol, quando o volante defendia o Corinthians
em 1999. Dois anos antes começou seu vaivém Brasil-Europa, com extrema
dificuldade de adaptação no velho continente, nas passagens por Itália,
Portugal e Polônia.
Embora não haja semelhança com o consagrado
quarto-zagueiro João Justino Amaral dos Santos, do Corinthians, o apelido de
Amaral colou no capivariano Alexandre da Silva Mariano, que em fevereiro
completou 46 anos, e foi no clube de sua cidade, há quatro anos, que encerrou a
carreira de atleta, com lembranças da infância quando prestava serviço em
funerária. Ele preparava corpos para sepultamento.
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