Lembra-se desse time santista: Laércio, Zé
Carlos, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Sormani, Coutinho, Pelé e Pepe,
que sagrou-se campeão paulista de 1960? Foi quando Coutinho começou a escrever
uma história de 370 gols no clube, superado por Pepe (405 gols) e Pelé (1.091
gols).
Vítima de enfarto, Coutinho fez companhia a
Laércio, Mauro, Calvet, Dalmo e Zito no time do céu. Por antever jogadas, fez
perfeita dupla de área com Pelé, mas fora dos gramados tiveram as suas
diferenças, tanto que eles ficaram relativo período incomunicáveis.
A tabelinha bem sincronizada foi a responsável
pela encrenca. Uma empresa se dispôs a gravar um comercial com a dupla,
ofereceu ‘grana preta’ para ambos, Coutinho aceitou na hora, mas Pelé
endureceu. Exigiu o triplo do valor oferecido, e não houve acordo. Logo,
Coutinho perdeu dinheiro e ficou indignado. E quando reataram o relacionamento,
Coutinho só falava o estritamente necessário.
Couto - como
era identificado pelos amigos - falava com a autoridade de quem teve reduzido
índice de erros nos tempos de jogador. Seus amigos mal se lembram quantas vezes
ele chutou bola sobre o travessão, tamanha frieza e precisão nos arremates.
Nada de chutes fortes. Apenas deslocava a bola
do goleiro, indistintamente com quaisquer das pernas, quando ficava cara a cara
com o gol. Cabeceio? Nem pensar. Pela objetividade e sem que fosse exímio
driblador, barrou o talentoso Pagão no time santista.
Ele integrou a Seleção Brasileira bicampeã de
1962, no Mundial do Chile. E até 1965 brilhou com a camisa nove do Santos,
deixando-a ao saudoso Toninho Guerreiro. Paradoxalmente, o gol mais bonito na
carreira de Coutinho foi anulado sem justificativa: de bicicleta, contra o
Benfica (POR), na vitória por 5 a 2, em Lisboa, resultado que significou a
conquista de Mundial Interclubes do Santos em 1962.
Revelado pelo XV de Piracicaba (SP), Coutinho mostrou
impaciência na curta carreira de treinador, ao se irritar com erros grotescos de
atletas, e isso provocava desarmonia nos elencos. Para exemplificar a
intolerância, se eventualmente um jornalista lhe perguntasse aquilo que achava
de tal gramado, a resposta seria que nunca comeu grama para saber o sabor.
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