domingo, 17 de março de 2019

Adeus a Coutinho, o homem gol


 Lembra-se desse time santista: Laércio, Zé Carlos, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Sormani, Coutinho, Pelé e Pepe, que sagrou-se campeão paulista de 1960? Foi quando Coutinho começou a escrever uma história de 370 gols no clube, superado por Pepe (405 gols) e Pelé (1.091 gols).

 Vítima de enfarto, Coutinho fez companhia a Laércio, Mauro, Calvet, Dalmo e Zito no time do céu. Por antever jogadas, fez perfeita dupla de área com Pelé, mas fora dos gramados tiveram as suas diferenças, tanto que eles ficaram relativo período incomunicáveis.

 A tabelinha bem sincronizada foi a responsável pela encrenca. Uma empresa se dispôs a gravar um comercial com a dupla, ofereceu ‘grana preta’ para ambos, Coutinho aceitou na hora, mas Pelé endureceu. Exigiu o triplo do valor oferecido, e não houve acordo. Logo, Coutinho perdeu dinheiro e ficou indignado. E quando reataram o relacionamento, Coutinho só falava o estritamente necessário.

 Couto - como era identificado pelos amigos - falava com a autoridade de quem teve reduzido índice de erros nos tempos de jogador. Seus amigos mal se lembram quantas vezes ele chutou bola sobre o travessão, tamanha frieza e precisão nos arremates.

 Nada de chutes fortes. Apenas deslocava a bola do goleiro, indistintamente com quaisquer das pernas, quando ficava cara a cara com o gol. Cabeceio? Nem pensar. Pela objetividade e sem que fosse exímio driblador, barrou o talentoso Pagão no time santista.

 Ele integrou a Seleção Brasileira bicampeã de 1962, no Mundial do Chile. E até 1965 brilhou com a camisa nove do Santos, deixando-a ao saudoso Toninho Guerreiro. Paradoxalmente, o gol mais bonito na carreira de Coutinho foi anulado sem justificativa: de bicicleta, contra o Benfica (POR), na vitória por 5 a 2, em Lisboa, resultado que significou a conquista de Mundial Interclubes do Santos em 1962.

 Revelado pelo XV de Piracicaba (SP), Coutinho mostrou impaciência na curta carreira de treinador, ao se irritar com erros grotescos de atletas, e isso provocava desarmonia nos elencos. Para exemplificar a intolerância, se eventualmente um jornalista lhe perguntasse aquilo que achava de tal gramado, a resposta seria que nunca comeu grama para saber o sabor.

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