Duas constatações sobre o ex-atacante Lico do
Flamengo: até a década de 80 havia uma cultura no futebol brasileiro de
acomodar bons pontas-de-lança como falsos ponteiros-esquerdos, com finalidade
de que as equipes pudessem dispor do maior número de talentos. Igualmente foi
um período em que a atrasada ortopedia brasileira desamparava jogadores que
dependiam de cirurgias de joelhos.
Pois a carreira de Antonio Nunes, o Lico, foi
abreviada aos 33 anos de idade, em 1984, após duas lesões de joelho. Exatamente
quando o meia Zico se transferiu à Udinese da Itália em 1983, a projeção
natural era que Lico fosse fixado como substituto na posição, mas foi obrigado
a encerrar a carreira. Assim, retornou a Santa Catarina na tentativa de continuidade no futebol em outra função.
Inicialmente tentou repassar a experiência de
atleta como treinador, mas a atribuição requer gestão de grupo e psicologia
para triagem da problemática no elenco. Na prática, Lico só pode ser definido
como quem tem boa visão de jogo, insuficiente à atribuição.
A continuidade ao meio foi como gerente de
futebol de Londrina, Avaí e Joinville, até migrar-se à pasta de secretário de
esportes da cidade catarinense de Imbituba. Agora, na iminência de completar 67
anos de idade em 9 de agosto, se ocupa como orientador de garotos de escolinha
de futebol naquele município praiano.
Como apareceu como ‘aposta’ no América de
Joinville em 1970, acabou emprestado ao Grêmio em 1973, mas durante seis meses
ficou na reserva. Aí, de volta ao futebol catarinense, atingiu o auge da
carreira no Joinville, despertando interesse do Flamengo em 1980, que o
contratou como reserva imediato de Zico.
Como Paulo César Carpeggiane - treinador à época
-, teve percepção que poderia escalá-lo como falsa ponteiro-esquerdo, deu-lhe
liberdade para flutuar e explorar a habilidade para definição de jogadas e
marcar gols.
Lico jogou no quarteto de meio de campo com
Andrade, Adílio, Zico, e lamentou não ter atuado no jogo extra do título da
Libertadores de 1981, em Montevidéu, pois havia sido covardemente agredido na
segunda partida da final pelo zagueiro Mario Soto, do Cobreloa.
No mesmo ano ele foi campeão mundial
Interclubes, e das edições do Campeonato Brasileiro (1982 e 1983), além de
competições regionais.
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