sábado, 7 de julho de 2018

Júnior, talento no gramado e microfone


 Na década de 80, quando o saudoso radialista Luciano do Valle comandava o esporte na TV Bandeirantes, intrigou jornalistas ao abrir espaços a ex-jogadores de futebol como comentaristas de transmissões. Pois Luciano venceu aquela quebra de braço, e a TV Globo também incorporou a iniciativa com opiniões, nas redes que integram o eixo Rio-São Paulo, de quem jogou bola profissionalmente.

 Assim, entre comentaristas como Ronaldo, Casagrande, Roger Flores e Caio também participa Leovegildo Lins da Gama Júnior, ídolo de Flamengo e Seleção Brasileira, 64 anos de idade. Conotação ‘participa’ seria muita singeleza pra quem contextualiza como poucos uma partida de futebol. A privilegiada visão de jogo e reflexo rápido para execução - enquanto atleta - permitiu que transportasse para o microfone aquilo que acontece nos gramados.

 Ambidestro, com facilidade para tocar na bola, passou da lateral-direita à esquerda sem problemas no Flamengo em 1976, após dois anos como titular na primeira função. Ao mudar de lado colocou na reserva Vanderlei Luxemburgo. Assim, participou de renomadas equipes montadas pelo clube, com conquistas do Campeonato Brasileira a Libertadores.

 Na época acompanhava o modismo de cabelo black power e mostrava vocação para a música. Ele compôs a trilha sonora ‘Voa Canarinho’, da Seleção Brasileira de 1982, e puxava rodas de samba dos boleiros.

 No auge da carreira, poderia, se quisesse, iniciar trajetória internacional. Todavia recusou à cobiça do Real Madrid, justificando-se feliz no Flamengo e acomodação da família no Rio de Janeiro. Só se curvou à proposta do Torino, dois anos depois, porque o Flamengo precisava de dinheiro, e insistiu para que o passe foi negociado.

 Umas imposições para transferência à Itália foi trocar a lateral pela meia-de-armação, sem dificuldade de adaptação. Naquele país ainda passou pelo Pescara antes do regresso ao Flamengo em 1989, com prolongamento da carreira por mais quatro anos. Naquele período foi identificado como exímio cobrador de faltas.

 Já que não decolou na oportunidade como treinador, no próprio Flamengo, o jeito foi integrar a Seleção Brasileira de Futebol de Areia, até que a facilidade de comunicação foi considerada para comentar futebol na televisão. A isso se juntou o vastíssimo conhecimento da matéria.

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