Na década de 80, quando o saudoso radialista Luciano
do Valle comandava o esporte na TV
Bandeirantes, intrigou jornalistas ao abrir espaços a ex-jogadores de
futebol como comentaristas de transmissões. Pois Luciano venceu aquela quebra
de braço, e a TV Globo também
incorporou a iniciativa com opiniões, nas redes que integram o eixo Rio-São Paulo,
de quem jogou bola profissionalmente.
Assim, entre comentaristas como Ronaldo,
Casagrande, Roger Flores e Caio também participa Leovegildo Lins da Gama Júnior,
ídolo de Flamengo e Seleção Brasileira, 64 anos de idade. Conotação ‘participa’
seria muita singeleza pra quem contextualiza como poucos uma partida de
futebol. A privilegiada visão de jogo e reflexo rápido para execução - enquanto
atleta - permitiu que transportasse para o microfone aquilo que acontece nos
gramados.
Ambidestro, com facilidade para tocar na bola,
passou da lateral-direita à esquerda sem problemas no Flamengo em 1976, após
dois anos como titular na primeira função. Ao mudar de lado colocou na reserva Vanderlei
Luxemburgo. Assim, participou de renomadas equipes montadas pelo clube, com
conquistas do Campeonato Brasileira a Libertadores.
Na época acompanhava o modismo de cabelo black
power e mostrava vocação para a música. Ele compôs a trilha sonora ‘Voa
Canarinho’, da Seleção Brasileira de 1982, e puxava rodas de samba dos boleiros.
No auge da carreira, poderia, se quisesse,
iniciar trajetória internacional. Todavia recusou à cobiça do Real Madrid,
justificando-se feliz no Flamengo e acomodação da família no Rio de Janeiro. Só
se curvou à proposta do Torino, dois anos depois, porque o Flamengo precisava
de dinheiro, e insistiu para que o passe foi negociado.
Umas imposições para transferência à Itália
foi trocar a lateral pela meia-de-armação, sem dificuldade de adaptação.
Naquele país ainda passou pelo Pescara antes do regresso ao Flamengo em 1989,
com prolongamento da carreira por mais quatro anos. Naquele período foi identificado
como exímio cobrador de faltas.
Já que não decolou na oportunidade como
treinador, no próprio Flamengo, o jeito foi integrar a Seleção Brasileira de
Futebol de Areia, até que a facilidade de comunicação foi considerada para
comentar futebol na televisão. A isso se juntou o vastíssimo conhecimento da
matéria.
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