O que seria
do médico não fosse o enfermeiro ? Como se vê, o coadjuvante também é essencial
em qualquer atribuição. No futebol, há compartimentos do campo em que boleiros
de melhor compleição física correm e desarmam para que o talentoso possa
brilhar.
O volante Luís Carlos Melo Lopes, apelidado de
Caçapava, por ter nascido em cidade gaúcha de mesmo nome, está incluso entre
coadjuvantes merecedores de aplausos. Fazia de seu vigor físico a ferramenta
imprescindível na engrenagem de uma equipe. Era um brutamente, distribuído em
80 quilos, que por vezes causava até intimidações a adversários, sem que
pudesse ser rotulado de violento.
Claro que se prevalecia nas bolas divididas,
nas disputas ombro a ombro. A recompensa foi uma carreira em grandes clubes, a começar
pelo Inter (RS), quando carregava o piano para favorecer ídolos como Falcão e
Paulo César Carpegiani, sendo bicampeão brasileiro em 1975-76 nesse esquadrão:
Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Hermínio (Marinho Perez) e Vacaria; Caçapava,
Falcão e Carpegiani (Batista); Valdomiro (Jair), Flávio (Dario) e Lula
(Escurinho).
Pois esse Caçapava que passou pela Seleção
Brasileira e abandonou o futebol em 1987, atuando pelo Fortaleza, só voltou a
ser lembrado quando de sua morte no dia 27 de junho do ano passado, aos 61 anos
de idade, vítima de ataque cardíaco. Ele chegou a pesar 132 quilos.
Do Inter, caiu nas graças da torcida
corintiana em 1979, adepta de jogador voluntarioso que sai de gramados com
camisa ensopada de suor. Lá viveu o pior momento dois anos depois, quando o
Corinthians ficou em oitavo lugar no Campeonato Paulista, e sequer conseguiu
classificação por índice técnico ao Brasileirão, num time formado por Rafael;
Zé Maria, Gomes, Rondinelli e Wladimir; Caçapava, Biro Biro, Sócrates e Zenon;
Mário e Paulo César Caju.
Em 1982 Caçapava já estava no Palmeiras. A
partir disso trilhou a estrada da volta no futebol, com passagens por Vila Nova
(GO), Ceará, Novo Hamburgo e Fortaleza. Depois ainda arriscou a carreira de
treinador em clubes do Piauí, sem prosperar. Em seguida se identificou como
consultor espiritual, com cobrança de consultas. O então centroavante Vamberto,
do River (PI), o procurou para destravar um longo jejum de gols, e o reflexo,
de imediato, foram quatro gols em partida contra o 4 de Julho.
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