O aposentado Bebeto de Oliveira, 75 anos de
idade, foi um profissional diferenciado em sua área. Até os anos 80, quando a
tecnologia ainda não havia incrementado o setor para dimensão do real
condicionamento do atleta, ele já mapeava o problema de cada um ao dividir o
elenco em grupos, e aplicava os devidos exercícios.
Em vésperas de jogos importantes, sabia dosar
a carga dos titulares e determinava aos reservas os trabalhos mais pesados.
Bebeto foi um preparador físico que se
exercitava com os jogadores. Ou melhor: puxava a fila. Participava até de
testes de velocidade, mostrando que eram capazes de realizar as atividades. A
melhor definição sobre o seu trabalho foi dada pelo ex-zagueiro Mauro Galvão,
nos tempos em que trabalharam no Vasco, na década de 90: “O Bebeto sabe motivar
os jogadores sem ser grosseiro. Ele é muito criterioso!
Ele usava psicologia para motivar atletas ao
trabalho físico. Habilmente incluía na programação exercícios que faziam os
jogadores se divertirem ao mesmo tempo.
Diferentemente de alguns profissionais
da área que ficam de olho na vaga do treinador, ele sempre ficou na dele, e por
isso não foi distinguido pela ‘treinadorzada’.
É comum qualquer treinador escolher o
profissional de preparação física de sua confiança, mas paradoxalmente com
Bebeto foi diferente. Trabalhou no Vasco durante dez anos na década de 90, e
não se teve conhecimento que tivesse desavença com qualquer treinador.
Em sua biografia consta longa passagem pelo
São Paulo na década de 80, culminando com a chegada à Seleção Brasileira em
1987, em companhia do treinador Carlos Alberto Silva, com quem fez dobradinha
no tricolor paulista.
Quis o destino que Bebeto voltasse ao São
Paulo em 2006 como supervisor das categorias de base, após dois anos no Japão.
Ele considerava-se aposentado do futebol, se preocupava basicamente com a
reforma de sua residência em Campinas, quando o telefone tocou e foi convidado
para desenvolver a nova função. Se problemas cardíacos impediram de trabalhar
no gramado, sua vasta experiência na bola poderia ser repassada como supervisor,
e topou a parada.
Problema cardíaco é uma herança de família.
Seu pai, já falecido, foi Barriga, um dos maiores artilheiros da história da
Ponte Preta, clube em que Bebeto atuou como volante, seguindo depois para a
Ferroviária (SP).
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