segunda-feira, 17 de abril de 2017

Adeus ao supersticioso treinador Alfredinho

 Se hoje treinador de futebol se debruça em táticas, no passado centrava atenções basicamente em seu elenco, além de serem supersticiosos, catimbeiros e feiticeiros. Alfredo Sampaio Filho, o cearense Alfredinho, morto dia quatro de abril passado aos 90 anos de idade, em Ribeirão Preto (SP), misturava citadas características ao relativo conhecimento de bola rolando na função de treinador, exercida durante 32 anos. Foi o período em que ficou conhecido como salvador de rebaixamentos de equipes do interior paulista.

 O jornal Tribuna, de Ribeirão Preto, já registrou confissão de Alfredinho que seus jogadores ‘voavam em campo por causa de rebites’. O treinador revelou ainda que acendia velas em vestiários e orientava cartolas a comprarem arbitragem para favorecimento de suas equipes, quando indagado sobre fórmulas milagrosas no comando de Comercial, Botafogo - ambos de Ribeirão Preto - e Marília, por exemplo.

 Campanhas apreciáveis também fizeram parte do histórico dele. Conquistou acesso à principal divisão do Estado de São Paulo com o Paulista de Jundiaí em 1968, reafirmando a fama de profissional de sucesso dois anos antes, quando levou o Comercial ao terceiro lugar do Campeonato Paulista, num time formado por Rosan; Ferreira, Jorge, Piter e Nonô; Amaury e Jair Bala; Peixinho, Luís, Paulo Bim e Carlos César.

 Grande decepção foi naquele 28 de novembro de 1984, quando não evitou o rebaixamento do Taquaritinga justamente diante do Marília, clube que já havia reafirmado a fama de bruxo, ao salvá-lo de queda. Naquele dia falhou a mandinga feita de jogar sal grosso do caminho do vestiário ao gramado do Estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, o Abreusão.

 Neuri Cordeiro, goleiro do Marília comandado por Alfredinho, contou que os jogadores eram obrigados a tomar banho antes dos jogos, e o treinador completava com benzimento de erva doce durante as quatro passagens dele pelo clube, totalizando 73 jogos.

 Profissionais de veículos de comunicação que trabalharam com Alfredinho atestam a preferência dele por treinos com bola, porque era avesso aos trabalhos físicos. Caracterizado como profissional prático, ele detectava carências das equipes e procurava moldá-las para atenuar os problemas.


 Como atleta, Alfredinho jogou no Santos e fez companhia a Pepe, Pelé e Zito. Isso permitiu-lhe visão técnica de jogadores.

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