segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Lola, habilidade no campo e vida em sítio

 O ex-zagueiro Brito, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira no México, tomou o drible mais estonteante na carreira de atleta quando defendia o Botafogo do Rio de Janeiro no dia três de outubro de 1973, portanto lá se vão 43 anos, naquele empate por 1 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. Quem protagonizou dois dribles secos foi o então ponta-de-lança Lola que jogava pelo Guarani, em partida noturna no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas.

Ainda no primeiro tempo, no gol dos portões de entrada, Lola dominou a bola pela meia-esquerda, quase na entrada da grande área, arrancou em direção de Brito, aplicou-lhe um drible seco por dentro, e, incontinente, outro por fora. E Brito, pernas bambas, desequilibrado, parecia um pugilista grogue que saiu catando cavaco.

 Lola desabrochou para o futebol no Atlético Mineiro, clube que defendeu de 1967 a 1973, e entrou para a história do Estádio Mineirão por ter marcado o milésimo gol. Não fosse fratura exposta de tíbia e perônio num jogo contra o Santos, em 1971, teria participação mais ativa na conquista do Campeonato Brasileiro daquela temporada pelo Galo mineiro, num time formado por Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola, Dario e Tião. O treinador era o saudoso Telê Santana, que sempre recebia rasgados elogios de Lola: “Ele parecia um pastor dedicado às suas ovelhas”, ou “o ouro maior daquele grupo era o Telê”.

 Aquela final foi decidida num triangular, e de cara o São Paulo goleou o Botafogo por 4 a 1. Na segunda rodada, o Atlético ganhou do Tricolor paulista por 1 a 0, e podia jogar pelo empate na terceira rodada contra o Botafogo, mas venceu por 1 a 0, gol de Dario.

 Lola jogava muito. Logo, não devia ser considerado arrogante quando se autodenominava ‘meia-direita habilidoso’, ou ‘meio-campo criador’. A prática correspondia ao discurso. Certamente jamais poderia supor é que a partir da transferência ao Guarani se transformaria num nômade do futebol. Foram pouco mais de quatro anos no futebol mexicano defendendo América e Tigre, duas passagens pela Ponte Preta, Sport Recife, Inter de Limeira (SP), Grêmio Maringá e Botafogo de Ribeirão Preto, onde encerrou a carreira de atleta e fixou residência num sítio paradisíaco, se ocupando no trato aos animais e a vegetação.


 Paralelamente também desenvolve outras atividades como a de professor universitário em faculdade de educação física, comentarista de futebol em rádio, e olheiro do Galo mineiro. E já não é visto com aquele vasto bigode tipo mexicano, característico dos tempos de atleta no passado. Em janeiro próximo o senhor Raimundo José Correia vai comemorar 67 anos de idade.

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