O ex-zagueiro Brito, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira no
México, tomou o drible mais estonteante na carreira de atleta quando defendia o
Botafogo do Rio de Janeiro no dia três de outubro de 1973, portanto lá se vão
43 anos, naquele empate por 1 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. Quem protagonizou
dois dribles secos foi o então ponta-de-lança Lola que jogava pelo Guarani, em
partida noturna no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas.
Ainda no primeiro tempo, no gol dos portões de entrada, Lola
dominou a bola pela meia-esquerda, quase na entrada da grande área, arrancou em
direção de Brito, aplicou-lhe um drible seco por dentro, e, incontinente, outro
por fora. E Brito, pernas bambas, desequilibrado, parecia um pugilista grogue
que saiu catando cavaco.
Lola desabrochou para o futebol no Atlético Mineiro, clube que
defendeu de 1967 a 1973, e entrou para a história do Estádio Mineirão
por ter marcado o milésimo gol. Não fosse fratura exposta de tíbia e perônio
num jogo contra o Santos, em 1971, teria participação mais ativa na conquista
do Campeonato Brasileiro daquela temporada pelo Galo mineiro, num time formado
por Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto
Ramos; Ronaldo, Lola, Dario e Tião. O treinador era o saudoso Telê Santana, que
sempre recebia rasgados elogios de Lola: “Ele parecia um pastor dedicado às
suas ovelhas”, ou “o ouro maior daquele grupo era o Telê”.
Aquela final foi decidida num triangular, e de cara o São Paulo
goleou o Botafogo por 4 a 1. Na segunda rodada, o Atlético ganhou do
Tricolor paulista por 1 a 0, e podia jogar pelo empate na terceira
rodada contra o Botafogo, mas venceu por 1 a 0, gol de Dario.
Lola jogava muito. Logo, não
devia ser considerado arrogante quando se autodenominava ‘meia-direita
habilidoso’, ou ‘meio-campo criador’. A prática correspondia ao discurso. Certamente
jamais poderia supor é que a partir da transferência ao Guarani se
transformaria num nômade do futebol. Foram pouco mais de quatro anos no futebol
mexicano defendendo América e Tigre, duas passagens pela Ponte Preta, Sport
Recife, Inter de Limeira (SP), Grêmio Maringá e Botafogo de Ribeirão Preto,
onde encerrou a carreira de atleta e fixou residência num sítio paradisíaco, se
ocupando no trato aos animais e a vegetação.
Paralelamente também desenvolve
outras atividades como a de professor universitário em faculdade de educação
física, comentarista de futebol em rádio, e olheiro do Galo mineiro. E já
não é visto com aquele vasto bigode tipo mexicano, característico dos tempos de
atleta no passado. Em janeiro próximo o senhor Raimundo José Correia vai
comemorar 67 anos de idade.
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