domingo, 11 de setembro de 2016

Volante Zé Carlos é vitimado por AVC

 Nos tempos áureos de Cruzeiro e Guarani, o volante Zé Carlos falava baixinho e pausadamente. Vitimado por um ACV (acidente vascular cerebral), hoje ele tem dificuldade de fala e locomoção. Por isso tem feito fisioterapia visando recuperar os movimentos dos membros inferiores e sair da cadeira de rodas.
 Com objetivo de arrecadar fundos para a família dele, antigos companheiros do time mineiro, liderados pelo zagueiro Procópio Cardoso, organizaram jogo beneficente dia 13 de agosto passado em Esmeralda, região metropolitana de Belo Horizonte.
 Aquela fala mansa de José Carlos Bernardes, 71 anos de idade, sempre teve conteúdo e demonstrava a liderança nata. Como bom observador das alternâncias de uma partida de futebol, dissertava sobre falhas e acertos de seu time durante a carreira de atleta até os 38 anos de idade. Indicava posicionamento adequado aos companheiros e exigia valorização da bola. Claro que em tom de voz mais alto em relação ao observado fora de campo.
 E tinha habilitação para cobrança porque foi um atleta que tanto construiu como destruiu jogadas. No Cruzeiro, de 1964 a 1977, na maioria das vezes foi um meia de armação e até ponta-de-lança. Entrou para a história do clube como atleta recordista, com 633 jogos, que resultaram em 83 gols. Naquele período conquistou a Taça Brasil de 1966, Libertadores dez anos depois, e Campeonato Mineiro de 1965 a 69 ininterruptamente. E entre uma temporada e outra, exibindo a vasta cabeleira black power, teve como companheiros Tostão, Natal, Eduardo Amorim, Palhinha, Wilson Piazza, Procópio Cardoso, Dirceu Lopes, Roberto Batata, Raul e Nelinho, entre outros.
 Aos 32 anos de idade e sem o real interesse do Cruzeiro para mantê-lo no clube, aceitou convite para jogar no Guarani em 1977, porém na função de volante. Foi quando demonstrou sabedoria para desarmar sem necessidade de recorrer frequentemente ao artifício das faltas. Valia-se da precisa colocação para antecipar jogadas, sem perder a característica de refinado toque de bola.
 Assim, teve participação preponderante na conquista do título inédito do Campeonato Brasileiro de 1978, na equipe formada por Neneca; Mauro Cabeção, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Zenon e Renato; Capitão, Careca e Bozó.
 Incontinenti, cobiçado por vários clubes, acertou transferência para o Botafogo (RJ). Depois passou por Bahia, Uberaba e Vila Nova de Nova Lima (MG), onde havia encerrado a carreira em 1983. Em seguida, assumiu a função de treinador do Guarani, porém sem êxito. Por isso topou o desafio do Mogi Mirim, que lhe reservou dupla missão: jogar e ser treinador da equipe.

 Após infrutífera experiência como treinador, Zé Carlos foi aconselhado a integrar comissões técnicas como coadjuvante.

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