Nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, quando a
Seleção brasileira sagrou-se bicampeã mundial, só a integrava jogadores do eixo
Rio-São Paulo dos 22 convocados. Abertura para atletas de outros estados, naquele
grupo, passou a ocorrer em 1966, quando o meia Tostão do Cruzeiro e atacante Alcindo do Grêmio portoalegrense foram convocados, contemplando-se mineiros e gaúchos respectivamente.
Não se pode dizer que a convocação de Alcindo
teria sido política, para contemplar os gaúchos. De fato ele era uma máquina de
fazer gols, tanto que o histórico de 13 anos pelo Grêmio aponta 264 gols, o
maior artilheiro na história do clube, distante do ponta-direita Tarciso,
segundo colocado, com 222 gols.
Igualmente Alcindo era jogador decisivo nos Genais.
Marcou 13 gols naqueles clássicos gaúchos, mas erroneamente atribui-se a ele o
retrospecto de maior artilheiro nesses jogos. Carlitos 42, Vilalba 20,
Tesourinha 17 e Adãozinho 16, todos pelo Inter, estão à frente, como o também
gremista Luiz Carvalho 17.
Pois esse
Alcindo Martha de Freitas, nascido em Sapucaia do Sul (RS), que escreveu
história de goleador no futebol brasileiro e mexicano, morreu na noite do dia
27 de agosto em Porto Alegre (RS), aos 71 anos de idade, vitimado por complicações
de seu quadro de diabetes.
Alcindo chegou à Seleção Brasileira como dono
da camisa nove desde que o treinador Vicente Feola convocou 45 jogadores na
fase preparatória, até que às vésperas da Copa do Mundo de 1966 definisse os
22. Na estreia contra a Bulgária, na vitória brasileira por 2 a 0, gols de Pelé
e Garrincha - ambos em cobranças de faltas - o quarteto ofensivo foi formado
por Garrincha, Alcindo, Pelé e Jairzinho.
Com Pelé contundido à segunda partida, Tostão
foi escolhido para substitui-lo diante da Hungria, e ele fez o gol de honra do
Brasil na derrota por 3 a 1, com Frenc, Farkas e Méssoly, de pênalti, marcando
para os húngaros, em jogo que Alcindo se machucou e na ocasião não era
permitido substituição.
Por causa de lesões de atletas e busca de
opções técnicas no grupo, Feola fazia mudanças a cada jogo. Diante de Portugal,
com Alcindo vetado, Silva - atacante do Flamengo -, foi o substituto, na
derrota brasileira por 3 a 1, gol de Rildo para os derrotados.
Aí, no processo de renovação da Seleção
Brasileira, Alcindo foi perdendo espaço e restou o histórico de sete jogos, quatro
vitórias, dois empates e uma derrota. Todavia, seu estilo rompedor e destemido
continuou a serviço do Grêmio até 1971, quando se transferiu para o Santos.
Depois, no México, atuou no Jalisco e América. Voltou ao Grêmio em 1977 e
encerrou a carreira na Francana, interior de São Paulo.
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